Depois de deixar os fãs durante quase dois anos sem novidades sobre <i>Ruptura</i>, o Apple TV+ revelou nesta quarta-feira, 10, o primeiro teaser da aguardada segunda temporada. A prévia levanta mais perguntas do que oferece pistas sobre o que os fãs podem esperar dos novos episódios, que retornam em 17 de janeiro de 2025. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=ULC9M8CCn28" target=_blank><u>Confira aqui</u></a>.
Para quem não está familiarizado com o catálogo do Apple TV+, a premissa de <i>Ruptura</i> parece apresentar a fórmula mágica para alguns dos problemas do trabalhador moderno. Imagine um mundo onde exista um procedimento capaz de separar a vida pessoal e a profissional das pessoas de forma definitiva, sem que os problemas de uma interfiram na outra.
Essa realidade é um sonho, principalmente para o protagonista Mark (Adam Scott) que lida com um trauma. No entanto, o que a primeira temporada revela é que esse "escapismo" cobra um preço muito alto. E pior: beneficia os objetivos escusos da grande corporação que emprega quem se submete a essa cirurgia, a Lumen Industries.
Mesclando suspense e ficção científica, <i>Ruptura</i> foi um dos grandes lançamentos de 2022 – ano que, por sinal, ficou marcado no streaming também pelas estreias de séries hoje queridinhas, como <i>A Casa do Dragão</i>, <i>O Urso</i> e <i>Andor</i> -, e é muito fácil entender por que. A partir de um dado de realidade compartilhado no mundo todo, isto é, o vínculo acentuado entre as noções de trabalho e identidade, o criador Dan Erickson criou um universo rico, dotado de vocabulário próprio, que explora os dilemas reais dos âmbitos laboral e pessoal de forma muito pouco óbvia. Não se deixe enganar pelo humor inocente que a série propõe inicialmente com a coexistência das diferentes versões da mesma pessoa – chamadas de "innies" e "outies". Conforme a série avança e os personagens questionam sua própria existência, fica nítido que a aflição e o medo se fazem tão presentes quanto o riso.
Mas, na mesma medida que <i>Ruptura</i> deve seu sucesso à originalidade do texto de Erickson, ela deve também ao esmero da direção de Ben Stiller e Aoife McArdle. Além de extraírem performances potentes do elenco – que, inclusive, culminaram na indicação de quatro dos seis atores regulares ao Emmy -, a maneira como ambos traduzem a mitologia da série é precisa, para dizer o mínimo.
Todo detalhe importa para comunicar que há algo muito errado acontecendo ali. E atenção: quando a pista não está literalmente no quadro, como a falsa sensação de simetria constante e o predomínio dos tons de verde, está na trilha sonora desconfortável – e, por isso mesmo, excelente – de Theodore Shapiro.