Dois suspeitos do assassinato do opositor russo Boris Nemtsov foram detidos, informou neste sábado o chefe do serviço de segurança federal da Rússia, Alexander Bortnikov.
Em declarações transmitidas pela televisão, Bortnikov disse que os dois suspeitos são da região do Cáucaso russo, mas não forneceu mais detalhes.
Ele afirmou que os homens são “suspeitos de realizar este crime”, mas não deixou claro se eles teriam disparado os tiros que mataram Nemtsov quando ele caminhava sobre uma ponte perto do Kremlin, no dia 28 de fevereiro. Não foram divulgadas as acusações contra os suspeitos.
A morte de Nemtsov chocou a já pressionada e marginalizada oposição russa. Há fortes suspeitas entre opositores de que o assassinato foi ordenado pelo Kremlin em retaliação às fortes críticas de Nemtsov ao presidente Vladimir Putin. O opositor de 55 anos trabalhava num relatório sobre o envolvimento militar da Rússia no conflito do leste ucraniano.
Mas o principal organismo investigativo da Rússia informou que investiga várias possibilidades para o crime, dentre elas a de que a morte de Nemtsov tenha sido uma tentativa de prejudicar a imagem de Putin. A possível conexão de extremistas islâmicos no crime também é analisada, além de aspectos da vida pessoal do opositor.
Muitos acreditam que o assassinato de Nemtsov numa área tão protegida não seria possível sem envolvimento oficial e que ela pode ter sido uma tentativa de assustar outros críticos do governo.
Putin disse que a morte de Nemtsov foi uma “provocação”.
Um dos aliados mais próximos de Nemtsov na oposição, Ilya Yashin, disse à agência de notícias Interfax após a prisão dos suspeitos, que “esperamos que os detidos tenham realmente relação com o assassinato, que não seja um erro.”
Em casos anteriores de morte de críticos do Kremlin, principalmente no do assassinato de jornalista Anna Politkovskaya, em 2006, os mandantes dos assassinatos não foram identificados ou indiciados.
Críticos do Kremlin dizem que a rancorosa propaganda nacionalista na televisão estatal, que mostra Nemtsov e outros liberais como fantoches do Ocidente, ajudou a preparar o terreno para seus assassinato.
“A atmosfera de agressão louca criada pela televisão estatal…sinalizou que você poderia fazer qualquer coisa contra pessoas expressando uma visão diferente que isso beneficiaria a pátria mãe”, declarou à AP na sexta-feira Dmitry Muratov, editor do jornal Novaya Gazeta, que faz críticas ao Kremlin.
Nemtsov caminhava com uma jovem modelo ucraniana, Anna Duritskaya, quando foi atingido. Ela voltou para Kiev após ser interrogada pela polícia. Segundo informação da agência estatal de notícias RIA Novosti divulgada neste sábado, seu advogado Vadim Prokhorov, ela não foi convocada para voltar a Moscou para testemunha após a prisão dos suspeitos. Fonte: Associated Press.