A Rússia criticou nesta quarta-feira, 27, o fato de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter afirmado que, além de designar o Brasil como aliado preferencial fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), poderia pensar em trabalhar para que o País seja um membro pleno da aliança militar. A sugestão foi feita na visita do presidente Jair Bolsonaro à Casa Branca, no dia 19. Para os russos, esse tipo de declaração de Trump não favorece a distensão de confrontos no mundo.
Em um evento, o vice-chanceler russo, Alexander Grushko, sugeriu que Trump estava agindo para conquistar vantagens “unilaterais” na tentativa de remodular um mundo “multilateral”. “Este tipo de declaração não é propícia para desarmar um ambiente de confronto”, disse Grushko, segundo a agência oficial RIA Novosti. De acordo com Moscou, a sugestão de Trump evidencia que segue viva a política encaminhada à formação de uma ordem mundial similar à do século passado.
A Rússia ficou incomodada com o fato de Trump ter sugerido que o Brasil deveria se tornar um membro pleno da Otan. Desde que chegou à Casa Branca, Trump critica o fato de os EUA gastarem demais com a aliança militar. A possibilidade de que o Brasil se torne um membro pleno da aliança militar foi discutida por Trump no almoço oferecido na Casa Branca ao presidente Jair Bolsonaro. A entrada na Otan como membro pleno acarretaria altos custos para o Brasil, que precisaria gastar pelo menos 2% do PIB em defesa.
Grushko disse que, segundo o Tratado do Atlântico Norte, a carta de fundação da aliança, os países latino-americanos não podem ser admitidos. “Não está claro, se (Trump) leu o Tratado de Washington, concretamente o Artigo 10 sobre quais Estados podem fazer parte do bloco”, afirmou.
Em Washington nesta semana, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, falou sobre a designação como aliado extra-Otan com o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton. Ele afirmou que a novidade pode representar uma “facilidade burocrática”. “Vendo assim parece que o Brasil vai ser privilegiado em relação a isso, não é. Membros não-Otan (fora da Otan) existem vários países. O Brasil será mais um parceiro, para parceiro preferencial não Otan. Isso é um alinhamento que está sendo feito, mas é uma regulamentação de praxe, mas que nos envaidece muito”, afirmou o general. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.