A Rússia e o Irã, os dois principais aliados de Bashar Al Assad, alertaram na manhã deste sábado sobre os ataques aéreos liderados à Síria pelos EUA, que “terão consequências”, numa resposta interpretada na Organização das Nações Unidas (ONU) como um sinal claro de que Moscou e Teerã não abandonarão Damasco.
“Essas ações não ficarão sem consequências”, disse Anatoly Antonov, embaixador da Rússia nos EUA. “Nossos alertas não foram ouvidos e, uma vez mais, estamos sendo ameaçados”, apontou.
“Toda a responsabilidade recai sobre Washington, Londres e Paris”, escreveu nas redes sociais. “Insultar o presidente da Rússia é inaceitável e inadmissível”, disse. “Os EUA, maiores detentores de arsenal de armas químicas do mundo, não têm moral para acusar outro país”, completou.
A chancelaria russa ainda lamentou que o ataque veio num momento em que “existe uma chance para a paz”. Nas redes sociais, a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores criticou duramente os EUA, alertando que os mísseis foram direcionados a uma “capital de um país soberano que tenta sobreviver ao terrorismo”.
Moscou também criticou a imprensa ocidental, principalmente depois que o comunicado oficial da Casa Branca sugeriu que a existência de armas químicas tinha sido relatada pelos jornais.
Apontando para teorias conspiratórias, um dos principais aliados do Kremlin no Parlamento russo, Konstantin Kosachyov, sugeriu que os ataques seriam uma forma de “impedir que a missão da Organização para a Proibição de Armas Químicas pudesse realizar seu trabalho de inspeção”. Depois dos supostos ataques químicos em Duma, na semana passada, a agência começaria sua investigação neste fim de semana.
O governo do Irã também destacou o risco de “consequências regionais”. “Os EUA e seus aliados não têm provas e, sem esperar o resultado da Opaq, conduziram ataques”, disse Teerã, num comunicado nas redes sociais. Segundo o Irã, vários dos locais atacados conseguiram ser evacuados nos últimos dias, graças a alertas dos russos.
Neste sábado, a presidência síria postou uma foto de Assad chegando ao palácio presidencial, com uma legenda: “manhã de resistência”.