Chefes das agências de inteligência dos EUA informaram na semana passada ao presidente eleito Donald Trump que espiões russos acreditam ter dados pessoais e financeiros comprometedores contra ele. O alerta foi repassado também ao presidente Barack Obama, segundo a rede CNN. A veracidade das alegações não foi comprovada.
Pelo Twitter, Trump disse que as notícias são falsas e “uma caça às bruxas total”. Os dados foram apresentadas em uma sinopse de duas páginas anexada ao relatório sobre a interferência russa na eleição de 2016. Os chefes de inteligência decidiram incluir a sinopse para demonstrar que a Rússia compilou informações potencialmente prejudiciais aos dois partidos, mas só divulgou informações contra Hillary Clinton e os democratas.
Os dados se originam, em parte, de memorandos compilados por um ex-agente da inteligência britânica cujo trabalho é considerado confiável pelos americanos. O FBI investiga a credibilidade e a precisão das alegações, que têm como principal base informações de fontes russas que não deram mais detalhes dos memorandos sobre Trump.
Os memorandos descrevem vídeos de prostitutas mantendo relações com Trump em uma visita que ele fez à Rússia em 2013. Os vídeos foram supostamente gravados com o objetivo de chantagear Trump no futuro. Os documentos também sugerem que funcionários russos propuseram lucrativos acordos, essencialmente oferecendo subornos para obter influência sobre Trump.
As duas páginas também incluem indícios de que houve uma contínua troca de informações durante a campanha entre subordinados de Trump e intermediários do governo russo para discutir questões de interesse mútuo, incluindo a espionagem do Comitê Nacional Democrata.
Os relatórios secretos foram apresentados na semana passada por quatro chefes da inteligência americana – James Clapper, diretor de Inteligência Nacional, James Comey, diretor do FBI, John Brennan, diretor da CIA, e Mike Rogers, diretor da NSA. O conteúdo foi repassada à CNN por funcionários com acesso ao relatório.
Um dos motivos para os chefes de inteligência dos EUA tomarem a inédita decisão de incluir a sinopse foi deixar o presidente eleito ciente de que essas informações que o envolvem estão circulando entre agências de inteligência, membros de alto escalão do Congresso e outros funcionários do governo em Washington, disseram as fontes à CNN.
A reportagem é assinada por um grupo de jornalistas que inclui Carl Bernstein, um dos que denunciaram o escândalo Watergate.
A sinopse não é parte oficial do relatório da inteligência sobre a acusação de que a Rússia hackeou informações de Hillary e dos democratas, mas funcionários dizem que ela aumenta a evidência de que Moscou buscou prejudicar a candidatura da ex-secretária de Estado e ajudar Trump.
A sinopse não dá detalhes sobre os métodos usados pelo ex-agente britânico para obter as informações. Segundo a CNN, a equipe de transição de Trump não quis comentar a informação, assim como o FBI e a Agência de Inteligência Nacional.