Internacional

Rússia: prisões despertam dúvidas sobre ligação com ataques cibernéticos aos EUA

Moscou, 05/02/2017 – Uma série de prisões de alto escalão na Rússia, supostamente incluindo oficiais do serviço secreto do país e um especialista em segurança cibernética, deixou funcionários de inteligência de ambos os países tentando desvendar um mistério que eles suspeitam que possa estar conectado ao ataque cibernético russo aos EUA. Os meios de comunicação russos descreveram as prisões – incluindo pelo menos dois funcionários de inteligência no FSB, a agência sucessora da KGB, e um funcionário da Kaspersky Lab, a mais importante empresa russa de segurança cibernética – como parte de um caso de traição.

As autoridades russas não confirmaram publicamente os detalhes do caso ou as prisões, mas os meios de comunicação locais relataram detalhes dramáticos, incluindo a prisão de um dos oficiais de inteligência em uma reunião do FSB, com o suspeito sendo levado com um saco sobre a cabeça.

As reportagens alimentaram a especulação entre os oficiais de inteligência ocidentais que têm acompanhado a situação de que as prisões podem estar ligadas a alegações de que a Rússia se envolveu em pirataria cibernética para influenciar a recente eleição presidencial dos EUA e a um dossiê não verificado alegando conluio entre o Kremlin e a campanha do presidente Donald Trump.

O Kremlin fez apenas um reconhecimento críptico das recentes prisões. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quarta-feira que o presidente russo, Vladimir Putin, provavelmente foi informado sobre um caso de espionagem cibernética na Rússia. “Não descarto que, como parte dos relatórios de inteligência, informação tenha sido fornecida oportunamente ao presidente” sobre o assunto, disse Peskov. O FSB não falou publicamente sobre o assunto e não respondeu a um pedido formal de comentário do Wall Street Journal.

A Kaspersky Lab confirmou que um de seus funcionários foi preso. Um porta-voz da empresa de Moscou, conhecida provedora de tecnologia antivírus, confirmou que Ruslan Stoyanov, chefe de uma unidade de investigação da Kaspersky Lab, foi preso.

Stoyanov, que se juntou à Kaspersky Lab em 2012, trabalhou para a unidade de cibercrimes do Ministério do Interior russo em Moscou entre 2000 e 2006, de acordo com seu perfil no LinkedIn. Stoyanov não pôde ser localizado para comentário. “Este caso não está relacionado com a Kaspersky Lab”, disse a empresa em comunicado. “Ruslan Stoyanov está sob investigação por um período anterior à contratação na Kaspersky Lab.”

O setor de segurança cibernética da Rússia está sob crescente escrutínio após um relatório de inteligência nos Estados Unidos alegar que várias empresas e indivíduos russos estão envolvidos em intrusões cibernéticas contra o Comitê Nacional Democrata e o presidente da campanha presidencial de Hillary Clinton. Fonte: Associated Press.

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