A operação caça-fraude da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) flagrou nesta sexta-feira, 12, um furto de água no barracão da escola de samba Império de Casa Verde, na zona norte da capital paulista. A estimativa é de que tenham sido furtados cerca de um milhão de litros de água em um ano.
Com o apoio da polícia, técnicos da estatal detectaram uma ligação clandestina sem hidrômetro (aparelho que mede o consumo de água) que abastecia o barracão da escola e mais oito residências ao lado, na Rua Brazelisa Alves de Carvalho, próximo ao sambódromo do Anhembi, zona norte.
Segundo a estatal, um funcionário do barracão e uma representante dos moradores das casas vizinhas foram encaminhados ao 13º Distrito Policial (Casa Verde), para registro de boletim de ocorrência por furto. O volume de água furtado seria o suficiente para abastecer 8 mil pessoas em um dia.
Este não foi o primeiro flagrante de furto de água envolvendo a Império de Casa Verde. Em agosto de 2014, durante a pior crise hídrica da história de São Paulo, a Polícia Civil prendeu um representante da agremiação acusado de fraudar a medição de consumo de água usando um fio de arame em outro endereço da escola, também na Casa Verde. Nenhum representante da agremiação foi localizado pela reportagem nesta sexta-feira.
Obra
Na última quarta-feira, 10, a operação caça-fraude da Sabesp flagrou fraude semelhante na construção de um prédio residencial da construtora Brookfield no bairro da Liberdade, região central de São Paulo. O furto de água estimado pela estatal foi de 79 mil litros desviados por mês, volume suficiente para abastecer 20 pessoas no período.
O engenheiro responsável pela obra foi levado ao 6º Distrito Policial (Cambuci) pelo crime de furto. Segundo a Sabesp, a construtora deverá realizar o pagamento retroativo pela água consumida. A obra ainda não tem consumo medido pelo hidrômetro e a água desviada era usada para a construção dos apartamentos. A reportagem não conseguiu contato com a Brookfield.
Segundo a Sabesp, além de prejuízo financeiro, esse tipo de fraude aumenta o índice de desperdício de água potável tratada pela companhia para consumo da população. A estatal argumenta que é comum entre os fraudadores deixar torneiras abertas e não consertar vazamentos, já que eles não pagam nenhuma fatura.
Quando as fraudes são descobertas, os proprietários ou representantes dos imóveis são convocados para prestar esclarecimentos à polícia, que abre inquérito para investigar os responsáveis pelo furto de água, que pode render de um a quatro anos de reclusão.
Somente em 2016, a operação caça-fraude da Sabesp detectou 25 mil fraudes em ligações de água em São Paulo, que corresponderam a cerca de 3,8 bilhões de litros furtados em um ano. O número de casos é 31% maior do que o registrado pela companhia em 2015, quando 19 mil fraudes foram flagradas e 3,7 bilhões de litros foram furtados.