Economia

Saída de Renan e setor externo levam dólar para baixo

Uma confluência de notícias políticas vistas como positivas pelo mercado e otimismo no exterior levaram o dólar a fechar em queda nesta quarta-feira, 28, e romper o importante patamar de R$ 3,30. À tarde, o principal fator que fez com que o dólar renovasse mínimas diversas vezes foi a saída do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da liderança do partido no Senado. Além disso, a perspectiva de aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) também ajudou no movimento baixista, em dia de fraqueza do dólar mundo afora e recuperação dos preços das commodities.

Depois de forte discurso contra o governo e desentendimentos com membros do PMDB ontem à noite, Renan Calheiros decidiu deixar a liderança do partido.

Na visão do diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, a saída de Renan é positiva porque abre maior chance para a reforma trabalhista ser aprovada sem grandes problemas, assim como outras votações. Para ele, a decisão da CCJ é um facilitador importante, principalmente se o número de votos a favor da reforma agradar, o que poderá gerar alguma esperança com a reforma da Previdência.

Segundo um operador de mercado, a saída de Renan – juntamente com a praticamente certa aprovação da reforma trabalhista na CCJ e a notícia de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), resolveu encaminhar diretamente à Câmara dos Deputados a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer, assim como queria a defesa de Temer – fez com que o risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos recuasse em torno de 0,8%, para 239 pontos durante a tarde.

Por outro lado, há quem veja a saída de Renan Calheiros como ruim. O economista da Nova Futura, Pedro Paulo Silveira, destaca que a saída gera instabilidade. “Além da incerteza de quem será nomeado, tem a questão de que Renan tem alguma ascendência e o grupo dele pode romper com Temer também”, explicou o economista. Para ele, a fraqueza do dólar no exterior deu o tom aos negócios.

A moeda americana acelerou as perdas ante principais divisas e moedas emergentes ao longo do pregão. No caso das divisas emergentes, o dólar operou com fraqueza em dia de alta do petróleo e novo avanço consistente do minério de ferro).

No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,97%, aos R$ 3,2830, menor nível desde 14 de junho (R$ 3,2810). O giro financeiro registrado somou US$ 962,43 milhões. Na mínima, ficou em R$ 3,2829 (-0,98%) e, na máxima, aos R$ 3,3146 (-0,01%). No mercado futuro, às 17h20, o dólar para julho caía 0,93%, aos R$ 3,2860. O volume financeiro movimentado somava cerca de US$ 14,49 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,2850 a R$ 3,3165.

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