A mineradora australiana BHP Billiton não vai desistir fácil da sua fatia da Samarco, responsável pela tragédia ocorrida em Mariana (MG), em 2015, que matou 19 pessoas. A empresa está disposta a negociar com os credores da companhia para se chegar a um meio-termo. Porém, Simon Duncombe, vice-presidente da BHP Billiton para joint ventures, não concorda com o plano oferecido pelos credores na madrugada da última quarta-feira e diz que espera a Justiça estabelecer prazos para que as partes voltem à mesa de negociações. "Não podemos nos dar ao luxo de errar."
Mais do que isso, o executivo aponta que as promessas de retomada das operações da Samarco em níveis pré-tragédia até 2026 é irreal – a mineradora prometeu esses números apenas em 2029. Segundo Duncombe, a Samarco não tem como acelerar seus planos de produção por questões técnicas.
Segundo os credores, seria possível acelerar os planos ao se adotar o empilhamento a seco de rejeitos, abandonando as barragens. O executivo acredita nessa solução e diz que a Samarco está realizando estudos para o novo formato, mas com um tempo maior para concretização. "Essa tecnologia está sendo estudada e certificada e vem sendo monitorado pelas autoridades. Temos essas restrições, por isso não entendo como tudo poderia ser acelerado."
Nesta semana, os sindicatos dos trabalhadores também apresentaram uma nova proposta de plano de recuperação judicial, que muda a forma de pagamento aos credores, mas mantém o plano de retomada, alternativa melhor recebida pelo executivo. "Estamos dispostos a aceitar qualquer plano que proteja a retomada segura e sustentável", diz. O foco de Duncombe – que afirma estar comprometido com o diálogo com os credores – é resolver essas questões judiciais nos próximos seis meses. "Estamos dispostos a fazer isso e trabalhar com boa-fé."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>