Carlos Bardem sentiu-se em casa ao participar de uma série que recria a vida de Rodrigo "Ruy" Díaz de Vivar, conhecido como El Cid, em uma produção ambiciosa que estreou na semana passada na Amazon Prime Vídeo.
O ator espanhol é historiador e autor do premiado romance histórico Mongo Blanco (Idiota branco, em tradução livre), por isso fará o papel de Flaín, conde de León, nesta série sobre o líder militar e mercenário espanhol do século 11 que inspirou o clássico da literatura espanhola El cantar del mío Cid (O cantar do meu Cid, em tradução livre), permitindo-lhe debruçar-se novamente sobre os livros de sua formação.
"El Cid é uma figura mitológica em nossa história. É um personagem real sobre o qual há muita informação e é um personagem, como todos da história, que é manipulado por uns e por outros" disse Carlos Bardem em entrevista recente por videochamada de Burgos.
"Reflete a complexidade cultural do século 11 na Espanha, o território em que os cristãos conviviam com árabes e judeus, e El Cid estava, de alguma maneira, a serviço de todos eles", acrescentou o ator, para quem um dos pontos que mais gostou na série é sua "abordagem moderna e original" para a representação de El Cid.
El Cid foi filmado no final de 2019 com 11 mil figurantes, batalhas campais, figurinos e cenários bastante elaborados. Em muitos casos, eles procuraram rodar em locais reais, incluindo mosteiros, castelos e igrejas, principalmente na comunidade de Castilla y León.
A série conta com as atuações de Jaime Lorente no papel de Ruy, Alicia Sanz como a infanta Urraca, José Luis García Pérez como o rei Fernando I, o Grande, e Elia Galera como sua esposa, Sancha, a Bela.
"Realmente acredito que a televisão e a ficção literária são uma verdadeira máquina do tempo e desta vez, graças ao nível de produção desta série, era real: podíamos sentir, cheirar, tocar coisas que nos levaram ao século 11 e que vão transportar o espectador", disse Bardem.
O conde de León é um dos maiores inimigos de Ruy; sua ambição o leva a tentar destronar o rei Fernando. Bardem disse que estava "feliz" em interpretar o vilão.
"Quanto mais vilões, melhor", declarou ele. "Os vilões em qualquer narrativa são fundamentais. O drama é que o herói tenha de superar obstáculos e tomar decisões e aqui quem coloca todos os obstáculos, e de uma maneira competente, sou eu, então, o pobre Ruy, El Cid, tem que vir com tudo".
Bardem encontra algumas semelhanças entre a época em que essa história se passa e a atualidade, principalmente em termos de desigualdade social.
"Foi uma época em que o feudalismo reinava e as desigualdades entre os poderosos e os humildes eram abismais e às vezes em nosso mundo parece – e esta pandemia também deixou evidente – que essas desigualdades não ficaram para trás, porém foram acentuadas", ele observou. "Mas melhoramos em muitas coisas. A higiene definitivamente melhorou."
As monarquias não estavam tão estabelecidas como agora. O drama de El Cid se desenrola justamente nesses frágeis equilíbrios entre famílias reais.
"Naquela época, um punhal ou uma taça com veneno mudava completamente o cenário político da época", disse Bardem. "Era uma luta entre clãs e famílias onde a eliminação física do rival estava na ordem do dia. Acho que nisso também melhoramos bastante." As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>