Foi-se o tempo em que o eleitor, principalmente nas regiões mais atrasadas, trocava voto por botinas, dentadura ou alguma quinquilharia. Com a consolidação da democracia e mais acesso à informação, o eleitor ficou mais exigente e seletivo.
Se esse ainda é um critério um pouco vago na hora de escolher o representante do Legislativo (de vereador a senador), o mesmo já não vale quando se trata do voto
Por isso, um item que surge espontaneamente em qualquer pesquisa é a saúde. E, dentro desse item, surge com frequência a questão do saneamento. A população está cada vez mais consciente de que saneamento significa saúde, qualidade de vida e valorização da região onde vive e da sua residência.
O Brasil já avançou em muitos setores. Mas tem andado devagar na questão do saneamento básico. O próprio IBGE (no Anuário de 2011) aponta que só 19% das residências contam com esgoto tratado. E mesmo a simples coleta cobre pouco mais do que 45% das residências. Em 2003, o Brasil investiu R$ 2,9 bilhões
Pesquisas recentes em Guarulhos vêm apontando a preocupação crescente do eleitor com o saneamento básico. Aliás, faço questão de registrar que, quando do segundo turno da última eleição para prefeito, o apoio dos metalúrgicos ao então candidato Almeida ficou condicionado alguns itens e compromissos. O principal deles era o investimento em saneamento, garantindo para nossa população água limpa, esgotos tratados e até mesmo o fim do despejo que o SAAE da Prefeitura, por incrível que pareça, fazia
A liberdade é a questão central da democracia. Mas não é o suficiente. A população quer, a cada dia, mais qualidade de vida. O pobre só consome um produto de má qualidade porque não tem meios de comprar outro melhor. Mas, assim que sua situação melhora, a pessoa se veste melhor, come melhor, mora melhor.
Em contatos com trabalhadores, empresários e a população em geral, tenho sentido que as pessoas estão mais sintonizadas com partidos que possuem uma plataforma clara e a candidatos com projetos definidos. É claro que numa eleição municipal os candidatos da máquina municipal e estadual são favorecidos, porque podem fazer campanhas caras e maciças. Esse volume de campanha, no entanto, não deve iludir o eleitor, que precisa verificar se, no meio da propaganda, sobra alguma proposta significativa e concreta.
Vivemos, por exemplo, reclamando do SUS e da rede pública de saúde, sempre abarrotada. Se uma das suas causas fosse atacada, o problema no SUS já seria muito menor. Uma dessas causas, sem dúvida, é a falta de coleta de esgotos, o pouco tratamento do esgoto coletado, as inundações constantes pelos córregos que cortam a zona urbana – tudo isso espalha doenças e cria focos de contaminação, gerando custo humano e econômico.
Por tudo isso, defendo que o saneamento e projetos de infraestrutura sejam compromissos de campanha de todos os candidatos. E mais: que o eleitor exija que seus candidatos abracem essa causa. Não podemos mais conviver com índices ultrajantes, como na Região Norte, onde o tratamento de esgotos atinge apenas 3,5% das casas. É ultrajante!
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e Região
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