A menos de três meses das eleições, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz (PSD) desistiu da candidatura ao governo do Rio. Ele foi anunciado nesta quinta-feira, 14, como vice na chapa do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT). Apoiado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), na disputa, Santa Cruz não se viabilizou no partido. Também não cresceu nas pesquisas de intenção de voto, ficando com 2% a 3% das preferências.
O anúncio da pré-candidatura foi feito em redes sociais pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. "É com muita alegria que anuncio a indicação do companheiro Felipe Santa Cruz (PSD) como vice de Rodrigo Neves ao governo do Rio".
Durante encontro em um hotel no centro do Rio na manhã desta quinta, Neves afirmou que o Rio não pode "correr riscos". Era uma referência à candidatura do deputado Marcelo Freixo (PSB), que deve disputar votos com ele entre eleitores de esquerda.
"Essa aliança é a única possível para reunir os melhores quadros para reconstruir o Rio de Janeiro", disse Neves. "É a ponte da vitória. O Rio hoje é um carro em uma estrada esburacada à beira de um precipício. A gente não daria um carro numa condição boa para uma pessoa que nunca dirigiu, ainda mais nessa condição. Tenho muito respeito ao deputado Freixo como parlamentar, mas o Rio é o maior desafio de governança dos 27 Estados. Não pode mais correr riscos".
Padrinho político de Santa Cruz, Paes insistia na candidatura do ex-presidente da OAB ao governo. Era uma tentativa de fortalecer o PSD no Estado e criar musculatura política para as próximas eleições. Depois de meses sem que Santa Cruz avançasse, os dois decidiram abrir mão da cabeça de chapa. Tiveram apoio do diretório nacional do PSD na decisão.
"Há sempre uma leitura equivocada do quadro fluminense, tentando projetar uma disputa consolidada no cenário eleitoral nacional para o Estado do Rio de Janeiro, o que está longe de acontecer", disse Paes. "O cenário do Rio de Janeiro para candidatura majoritária está absolutamente aberto. Nós construímos essas duas candidaturas em conjunto. O PSD é um partido ainda sem identidade, mas entendemos que havia um caminho para a construção de uma candidatura".
Paes enviou uma mensagem a aliados comunicando a decisão, pouco antes do anúncio público. No texto, o prefeito diz que o Estado não pode ficar nas mãos de "uma turma que vem mostrando enorme incapacidade de nos dirigir e muito menos de um radical". Referia-se às candidaturas do governador Cláudio Castro (PL) e do deputado Marcelo Freixo (PSB) , respectivamente.
No início do ano, PDT, PSDB e PSD, encabeçados por Paes e pelo deputado federal Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, se reuniram para costurar uma aliança em torno do nome de Neves ou Santa Cruz. Um acordo chegou a ser firmado entre os partidos. Os partidos de Gilberto Kassab e de Carlos Lupi decidiram, no entanto, "em comum acordo", no início de abril, desfazer a aliança.
O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (PSDB) se aproximou de Freixo. Levou consigo a maioria dos tucanos. Com isso, o PSD ficou isolado, sem capilaridade nos municípios do interior do Estado e derrapando nas pesquisas. O ex-presidente da OAB ainda tentava se viabilizar como um palanque alternativo para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio. O grupo de Paes chegou a procurar Lula. Mas a aproximação não avançou.
Para Santa Cruz, o processo de discussão da pré-candidatura do PSD foi importante para fortalecer o partido no Estado. "Esse foi um processo que fez o PSD mais forte sob a liderança de Paes. Peço que o Rodrigo olhe para os mais pobres, para a Baixada, São Gonçalo e zona oeste", afirmou Santa Cruz.