A joint venture entre o Santander e o mineiro Bonsucesso na área de crédito consignado ultrapassou a marca de R$ 5 bilhões, mais que dobrando a carteira, que começou com R$ 2,4 bilhões, em seu primeiro ano de operação, segundo Frederico Penido, presidente do Banco Bonsucesso Consignado. Para os próximos anos, a expectativa da instituição, que foi rebatizada e passa a se chamar Olé Consignado, é ter 10% do segmento que soma cerca de R$ 270 bilhões no País. Hoje, sua participação é de 1,8%.
“Queremos ser um player relevante. À medida que nossa base cresça, a expansão deve desacelerar, mas a expectativa é de crescimento para o crédito consignado no Brasil que é anticíclico e segue com demanda crescente”, disse Penido, em teleconferência com jornalistas, nesta tarde.
Apesar do otimismo em relação às projeções para o desempenho do crédito consignado no Brasil, o executivo admitiu que a expectativa é de aumento da inadimplência no contexto atual ainda que o segmento opere historicamente com baixo calote já que tem a folha de pagamento de servidores ou aposentados como garantia. Questionado sobre o desafio financeiro enfrentado por alguns estados como, por exemplo, o Rio de Janeiro, onde o banco atua há mais de 15 anos, ele disse que há riscos de “problemas pontuais” em alguns convênios, mas que o banco segue monitorando o cenário.
“O ambiente econômico das contas públicas requer cautela. Tem alguns riscos de haver problemas pontuais em alguns convênios, mas acompanhamos de forma permanente”, ressaltou ele, sem precisar o quanto os calotes podem subir ao longo de 2016.
Lembrou ainda que, neste contexto, de crédito retraído em outros segmentos como, por exemplo, no crédito pessoal e veículos, aumenta a procura por crédito consignado. Além disso segundo o executivo, outro motor para o mercado está nos 90 mil novos aposentados do INSS a cada mês. A Olé Consignado não atua no segmento privado. Apenas com aposentados e pensionistas do INSS e com servidores públicos.
Em relação ao aumento de juros no consignado INSS, que não era reajustado em quase uma década, pressionando as margens do setor, Penido afirmou que o novo patamar máximo, que passou de 2,14% para 2,34% ao mês no final do ano passado, está “compatível” ao atual ambiente, cuja tendência é de baixa de taxas. Segundo ele, metade da carteira do Olé Consignado já foi reprecificada após o novo teto e a expectativa da instituição é que à medida que os contratos originados obedeçam às novas taxas o juro médio da carteira suba. Hoje, está, conforme ele, em 2,17% ao mês e deve chegar em 2,20% ao final deste ano. “É um crescimento pequeno”, avaliou, lembrando que alguns convênios têm juros tabelados.
Penido afirmou ainda que a concorrência no crédito consignado segue forte e que a parceria entre Santander e o Bonsucesso uniu a força de capital do banco espanhol com a especialidade da instituição mineira no segmento, que passou a ser dominado pelos grandes bancos. Nos últimos anos, essas instituições se reposicionaram no consignado, atraídas por uma linha que, embora tenha margem menor, apresenta menos risco que outras já que conta com a folha de pagamento do salário ou da aposentadoria como garantia. Antes de Santander e Bonsucesso, o Itaú Unibanco fez uma joint venture com o BMG e o Bradesco comprou o BMC.
Além de dobrar sua carteira, a Olé Consignado ampliou sua base em 450 mil clientes, totalizando 1,4 milhão. Conta com 1 mil correspondentes bancários e uma rede de 40 lojas próprias no País. Com pouco mais de um ano de atuação, a Olé Consignado é uma joint venture entre o Santander, com 60% de participação, e o Bonsucesso, com 40%, celebrada em junho de 2014. A instituição iniciou suas atividades com um investimento de R$ 600 milhões.