Variedades

São Luiz do Paraitinga traz a SP seu carnaval

Cidade de muita música, cor e festa o ano todo, São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, também tem um famoso e concorrido carnaval que foi até tema de reportagem do New York Times em 2008. Às vésperas de mais um colorido reinado da alegria, músicos e foliões trazem para a capital uma parte da festa ao ritmo de suas contagiantes marchinhas. Desta sexta, 6, a domingo, 8, entre cortejos de rua e shows em palco montado na Praça do Patriarca, os paulistanos vão ter uma amostra do que a cidade produz, com desfiles dos tradicionais blocos Juca Teles, Maricota e Barbosa, e apresentações da Banda Confrete (com Suzana Salles, Paulo Padilha e Wanderléa como convidada), do compositor Galvão Frade e do grupo Estrambelhados, representante da nova geração.

O evento faz parte do Festival CCBB de Carnaval, em sua terceira edição. A concentração começa ao meio-dia na frente do Centro Cultural Banco do Brasil (Rua Álvares Penteado, 112) e os shows têm início, às 14 h.

Além das apresentações musicais, há também uma oficina de adereços (nesta 6.ª, 14h às 18h, no auditório do CCBB) com o artista plástico luizense Benito Campos, nome importante na cultura local. É ele o criador do visual dos blocos, dos famosos bonecos gigantes, que estarão nos cortejos em São Paulo, e dos troféus do festival de marchinhas, realizado na cidade há 30 anos.

“A estética das tiaras e outros adereços é do Benito. O chitão colorido foi ideia da dona Cinira (mulher de Elpídio dos Santos e morta em 2011), mas o aproveitamento estético é do Benito. E ele é o mentor intelectual desse revival, de cultuação de figuras da cidade, de mitos e lendas da região que utiliza em seus bonecos”, diz Suzana, curadora do evento. “Na participação de Wanderléa vai ter marchinhas clássicas de Ary Barroso, Jararaca e Ratinho, Lamartine Babo, mas a ideia é promover mais a música de São Luiz mesmo, incluindo muitas novas e inéditas. No cortejo toca a Charanga do Quadô com Tânia Moradei, cantora oficial do carnaval luizense.”

Esse peculiar carnaval teve sua história contada em livro recheado de fotos, São Luiz do Paraitinga – Sem Rabo e Sem Chifre – A Evolução do Carnaval das Marchinhas na Terra de Juca Teles do Sertão das Cotias, de Degiovani Lopes da Silva e Maria Alice Ferreira do Amaral Vieira, editado em 2012 pelos autores.
Embora conserve o melhor da tradição, a música carnavalesca de lá não é nostálgica. Berço de Elpídio dos Santos (compositor das trilhas dos filmes de Mazzaropi), Betão Aguiar e do Grupo Paranga (revelado nos anos 1980), é um celeiro musical que influencia não apenas os filhos da terra (como Camilo Frade, Lia Marques e Joana Egypto), mas agrega compositores e cantores de fora, como Arnaldo Antunes e Marcelo Jeneci, que já participaram do festival de marchinhas, e Suzana Salles, cantora que agita a festa às margens do rio Paraitinga há mais de 20 anos.

Com isso, há uma constante renovação de repertório, além de se juntar a sucessos dos anos anteriores, que se tornaram clássicos, como Paixão de Praia e Maria Rita, de Galvão. Existe uma “visão cristalizada de uma cidadezinha do interior de São Paulo”, diz Suzana. “Mas é um carnaval atuante, vivo e deflagrador de muitas outras artes.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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