O São Paulo que venceu o Corinthians por 2 a 0, nesta quarta-feira, e garantiu com folga a vaga nas oitavas de final da Copa Libertadores não havia entrado em campo em 2015. Veloz, objetivo e vibrante, acabou com uma invencibilidade de 26 jogos do rival com autoridade e garantiu o segundo lugar do Grupo 2 para enfrentar o Cruzeiro. O Corinthians, já classificado, enfrentará o Guaraní, do Paraguai.
O jogo tenso do estádio do Morumbi e a arbitragem rigorosa – foram duas expulsões do Corinthians (Emerson e Mendoza) e uma do São Paulo (Luis Fabiano)- vão desfalcar os dois nas oitavas de final. Com a vaga, o time da casa tirou um nó da garganta: há 13 jogos, desde 2007, não vencia o Corinthians na sua casa.
A alma do São Paulo também deu o ar de sua graça e a equipe mostrou atitude de quem precisava vencer para não depender do jogo do San Lorenzo na Argentina – o atual campeão ainda acabou perdendo por 1 a 0 para o Danubio, do Uruguai. Era como se o rock tocado em show antes do jogo continuasse a tocar e a tocar, em um volume cada vez mais alto.
Só faltou consertar uma coisa: a insegurança dos zagueiros. Dória ficou pendurado com cartão amarelo logo no início por causa um carrinho estabanado em Fagner e Rafael Toloi confundia intensidade com insanidade. A atitude do São Paulo foi surpreendente até para o líder invicto do Grupo 2 da Libertadores. Acuada no início do jogo, demorou 10 minutos para conseguir a primeira finalização. Renato Augusto e Elias mal pegaram na bola.
Foi aos 18 minutos que Emerson definiu a queda definitiva do Corinthians no jogo. Embora cascudo e tarimbado, o herói da Libertadores de 2012 agiu como juvenil, revidou um pisão de Rafael Toloi e foi expulso. O lance teve o efeito de um gol contra.
Foi questão de tempo – 13 minutos exatamente – para que a pressão dos donos da casa fizesse evaporar o zero do placar. Foi com Luis Fabiano em um lance sem beleza. O atacante fez seu primeiro gol nesta Libertadores, mas, juntando as outras edições, foi seu 14.º tento. Irregular, é um artilheiro que vive de lampejos do passado.
Na mesma toada – sim, ainda o rock -, Michel Bastos chutou de fora e Cássio falhou – depois culpou o morrinho artilheiro.
TÁTICA – O jogo não foi só coração. O técnico interino Milton Cruz foi bem ao escalar Bruno na direita. Teve atitude ainda mais acertada em transformar Michel Bastos em um atacante. Conseguiu finalmente colocar o dedo de Ganso na tomada. Denilson colocou Jadson no bolso.
Tite teve pouco tempo para descobrir se daria certo a mudança que fez no intervalo, quando trocou o inexpressivo Vagner Love pelo promissor Mendoza. Aos 9 minutos da etapa final, o colombiano foi expulso com Luis Fabiano. O primeiro por tentar um safanão; o segundo por simular que tivesse sido atingido.
Se o jogo estava encaminhado lá atrás, passou a se arrastar quando o São Paulo ficou com 10 e o Corinthians, 9. Aí, faltou ousadia para Milton Cruz. Era o momento de resgatar de vez a confiança – foi a primeira vitória do São Paulo em clássicos no ano – e tentar uma goleada. Demorou para trocar um dos três volantes. Satisfeito com a proeza que havia conseguido, o time pecou pela acomodação. O Corinthians se fechou do jeito que deu.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 2 x 0 CORINTHIANS
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Bruno, Rafael Toloi, Dória e Reinaldo; Denilson (Centurión), Souza, Hudson (Rodrigo Caio) e Paulo Henrique Ganso; Michel Bastos (Thiago Mendes) e Luis Fabiano. Técnico: Milton Cruz (interino).
CORINTHIANS – Cássio; Fagner, Gil, Felipe e Uendel; Ralf, Elias, Renato Augusto (Danilo) e Jadson (Bruno Henrique); Emerson e Vagner Love (Mendoza). Técnico: Tite.
GOLS – Luis Fabiano, aos 31, e Michel Bastos, aos 39 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Denilson, Reinaldo, Hudson e Dória (São Paulo); Elias e Danilo (Corinthians).
CARTÕES VERMELHOS – Luis Fabiano (São Paulo); Mendoza e Emerson (Corinthians).
ÁRBITRO – Sandro Meira Ricci (Fifa/PE).
RENDA – R$ 3.113.120,00.
PÚBLICO – 38.772 pagantes.
LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).