O torcedor mais distraído poderia achar que o time que iniciou a rodada na lanterna do Campeonato Brasileiro era o São Paulo e o Vasco era quem brigava por uma vaga no G4. Por isso, o empate em 2 a 2, no Morumbi, acabou sendo um resultado pior para o time carioca, que merecia a vitória por demonstrar mais vontade e organização tática.
Embora estivesse jogando em casa, o São Paulo deixou o gramado mais feliz, já que não fez por merecer nem mesmo um ponto. Este foi o primeiro jogo do time com o novo terceiro uniforme e a estreia de Doriva como técnico da equipe no Morumbi. E no primeiro minuto até pareceu que seria um dia de festa. Matheus Reis fez um cruzamento para a área, Rodrigo deu uma furada amadora e ajeitou a bola para Luis Fabiano bater cruzado e abrir o placar.
Mas o gol parece ter feito mal ao time. Lento, com pouca movimentação – exceto o atacante Rogério, que correu como um louco – a impressão é que os são-paulinos achavam que a partida já estava resolvida. E a acomodação e prepotência custaram caro.
Ao contrário dos tempos de Juan Carlos Osorio, o São Paulo de Doriva tem uma marcação mais recuada, deixando o adversário jogar, e sai nos contra-ataques. O problema é que isso se torna um grande risco para uma equipe com uma defesa frágil.
Mesmo com a atuação acomodada e sem mostrar muita disposição, os mandantes ainda tiveram mais oportunidades e foram melhores em campo, graças muito mais a falta de qualidade do adversário.
Tudo mudou aos 43 do primeiro tempo. Madson cruzou, Matheus Reis deu um carrinho, a bola bateu em suas costas e nos braços. O árbitro deu pênalti e ainda expulsou o são-paulino, que já tinha cartão amarelo. Após muita reclamação, Nenê bateu e aos 45 empatou o jogo.
Durante a semana, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, fez duras críticas a arbitragem e avisou que não aceitaria que seu time fosse prejudicado. No intervalo da partida, Rogério Ceni ironizou. “Esse pênalti foi ganho nos bastidores. Esse pênalti já estava marcado”, disse.
Na volta para a etapa final, quem esperava que o gol sofrido fizesse o São Paulo mudar a postura, errou feio. A falta de movimentação e preguiça em campo continuou. Doriva avançou a marcação, para tentar pressionar o adversário, mas a defesa ficou exposta e o Vasco foi quem acabou tendo mais oportunidades.
A virada saiu aos 17 minutos, quando Nenê cobrou escanteio e Rodrigo, aquele que foi fundamental no gol de Luis Fabiano, desviou de cabeça e virou o placar. Nem mesmo a desvantagem no placar fez o São Paulo acordar. O Vasco era quem parecia que brigava pelo G4 e enfrentava um time que começou a rodada na lanterna.
Leandrão e Nenê tiveram boas chances de ampliar a vantagem e Rafael Silva acertou a trave. Rogério Ceni, com pelo menos duas boas defesas, evitou que o vexame fosse maior.
A torcida já iniciava algumas vaias quando o São Paulo conseguiu o empate. Aos 42, Centurion cruzou para a área, Rodrigo Caio apareceu livre e mandou para as redes, amenizando a situação. A verdade é que os problemas do São Paulo não se resumem apenas ao que acontecem nos bastidores.
Com o empate, o São Paulo segue fora do G4, com 47 pontos. Já o Vasco permanece na lanterna do Brasileirão, agora com 29 pontos.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 2 x 2 VASCO
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Bruno, Lucão, Luiz Eduardo e Matheus Reis; Rodrigo Caio, Thiago Mendes e Ganso; Rogério (Reinaldo), Luis Fabiano (Alan Kardec) e Pato (Centurion). Técnico: Doriva
VASCO – Matin Silva; Madson, Rodrigo, Luan e Julio César; Bruno Gallo, Julio dos Santos (Diguinho), Andrezinho e Nenê; Jorge Henrique (Rafael Silva) e Leandrão (Herrera). Técnico: Jorginho
GOLS – Luis Fabiano a 1 e Nenê aos 45 minutos do 1º Tempo; Rodrigo aos 17 e Rodrigo Caio, aos 42 do 2º Tempo
ÁRBITRO – Dewson Fernando Freitas da Silva (PA)
CARTÕES AMARELOS – Matheus Reis, Julio dos Santos e Rafael Silva
CARTÃO VERMELHO – Matheus Reis
RENDA – R$ 493.933,00
PÚBLICO – 18.349 (total)
LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP)