Em um cenário de inflação elevada, juros muito altos e salários baixos, os saques da caderneta de poupança somaram R$ 22,015 bilhões em agosto, a maior retirada de recursos em um único mês da série histórica do Banco Central, iniciada em 1995.
O recorde negativo anterior tinha sido de janeiro deste ano (-R$ 19,665 bilhões). Em julho, os saques líquidos de R$ 12,662 bilhões foram um recorde para o mês. Em agosto do ano passado, o saldo negativo foi de R$ 5,467 bilhões.
O ano de 2022 tem mostrado um quadro de fortes retiradas da caderneta. No acumulado até agosto, a poupança tem saldo negativo de R$ 85,167 bilhões, volume que supera o ano todo de 2015, que, até hoje, teve a maior retirada anual da série histórica (-R$ 53,567 bilhões). Em 2022, somente o mês de maio registrou depósitos líquidos, de R$ 3,514 bilhões.
Em agosto, foram colocados R$ 316,242 bilhões e retirados R$ 338,258 bilhões na poupança. Considerando o rendimento de R$ 6,591 bilhões, o saldo total da caderneta somou R$ 991,812 bilhões no fim do oitavo mês, bem abaixo do resultado do término de julho (R$ 1,007 trilhão).
Em 2021, a caderneta de poupança teve o terceiro pior desempenho anual da história, com retiradas líquidas de R$ 35,497 bilhões, após registrar recorde em 2020 (R$ 166,310 bilhões), em meio ao auxílio emergencial e à maior tendência das famílias de guardarem dinheiro no início da pandemia de covid-19.
Atualmente, com a taxa Selic a 13,75% ao ano, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), atualmente em 0,18% ao mês (2,18% ao ano), mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano). Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a atualização é feita com TR mais 70% da taxa básica de juros.