Até o fechamento da edição, o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), não havia se pronunciado sobre a amputação de parte do dedão do pé direito de um bebê de dois meses que ingressou no Hospital Municipal da Criança (HMC) com pneumonia, como publicado com exclusividade pelo HOJE, na edição desta terça-feira. Já a Secretaria Municipal de Saúde mudou a versão do diagnóstico de Wallas Kevin Conceição dos Santos.
Segundo a pasta municipal, uma equipe médica está esclarecendo as circunstâncias que levaram a retirada de parte do dedo de Wallas. Nesta terça-feira, a versão oficial era de que não houve erro no atendimento da criança e que a causa da amputação seria um soroma, uma bolha de soro com medicamento. Após a repercussão da reportagem, inclusive na grande mídia de São Paulo, surgiu uma novas hipótese. Seria um êmbolo séptico, resultado do deslocamento de infecção pulmonar do bebê para o dedão do pé.
Em nota, a Secretaria Municipal da Criança afirma que reforça o compromisso de prestar toda a assistência necessária para preservar Wallas, que evolui clinicamente e é atendido por cirurgião vascular, ortopedista, infectologista e pediatras.
A mãe de Wallas, a dona de casa Joyce Naraissa da Conceição, 25 anos, lamenta que o filho prossiga sem previsão de alta. Ela discorda da versão da Secretaria de que não houve falha no atendimento ao bebê. "Se não teve erro então porque isso no pé do menino? Vou processar o hospital", diz.
O caso de Wallas acontece no período em que o HMC é investigado pela morte de 14 crianças em 55 dias (leia mais aqui). Dos óbitos, 12 ocorreram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), interditada pelo Centro de Vigilância Santiária (CVS), órgão vinculado ao governo estadual, desde 31 de maio. A secretaria instaurou sindicância para apurar as mortes, assim como o Ministério Público do Estado de São Paulo abriu inquérito.
De acordo com o vereador Eduardo Carneiro (PSL), médico que tenta instaurar uma Comissão Especial de Inquérito na Câmara Municipal para investigar as falhas no HMC, a amputação em Wallas pode ter ocorrido por erro médico. "O histórico do hospital é péssimo e a sensibilidade dos vereadores passa longe para não investigar", diz.