Chega a ser impressionante, para não afirmar outra coisa, as desculpas – que nunca parecem ser sinceras – dadas pelo vice-prefeito de Guarulhos e secretário municipal de Saúde, Carlos Derman (PT), para a falta de médicos na rede pública da cidade. Parece que ele é de um partido de oposição ao prefeito, que acaba de assumir a cadeira e agora sim vai tentar fazer alguma coisa para reverter o quadro. Mas, infelizmente, sabe-se que são apenas palavras ao vento, de quem – desde que assumiu o cargo, há 22 meses – não faz outra coisa que não seja empurrar os problemas com a barriga.
Ora, Derman está no governo municipal há quase dez anos. A saúde pública em Guarulhos, neste período, não evoluiu. A administração municipal se gaba de ter construído o Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso, uma obra que já passou por quatro inaugurações desde 2006, quando teve suas primeiras dependências entregues à população. Por coincidência, essas festas de abertura de novas alas sempre coincidem com os períodos de campanha eleitoral. Vez ou outra, inaugura-se uma unidade básica de saúde reformada. O Hospital Municipal de Urgência (HMU) é o retrato do caos.
Ao assumir como secretário de Saúde, no início da gestão do prefeito Sebastião Almeida (PT), Derman era tido como o “grande cara” para, de uma vez por todas, mudar o quadro caótico. Deparou-se com uma série de problemas que herdou de ninguém menos que a administração anterior, da qual sempre foi um dos homens fortes. Aliás, se hoje é vice-prefeito, deve-se a indicação para a chapa pelo ex-prefeito Elói Pietá (PT), que perdeu as prévias do partido, já que não queria Almeida.
Hoje, Derman fala que a falta de médicos se deve a problemas de trânsito em Guarulhos e às condições de trabalho oferecidas por sua Secretaria, que não atraem profissionais de outras cidades da região metropolitana. Seria cômico não fosse trágico. Ele é a autoridade. Ele é corresponsável por Guarulhos ainda não contar com um sistema viário decente que possa facilitar a vida das pessoas que vivem ou trabalham aqui. Afinal, ele é governo há quase dez anos. Se ele não fez ou ajudou a fazer, quem fará?
Passados quase dois anos como secretário da Saúde, somente agora Derman diz que está estudando um Plano de Cargos e Salários para os profissionais da área. Isso é discurso de quem não vai resolver os problemas efetivamente. O Guarulhos Hoje já realizou diversas reportagens sobre o mesmo problema. Em todas as ocasiões, respostas parecidas e evasivas, numa demonstração inequívoca de que a população não pode nutrir muitas esperanças nem de ver um quadro melhor em um futuro próximo.
Vereadores médicos cansam de afirmar, desde que ele assumiu, que – por não ser da área – Derman enfrentaria muitas dificuldades para mexer nas feridas que afetam o sistema de saúde, que não é só de Guarulhos, mas do Brasil como um todo. Evidencia-se que eles tinham razão. Lamentalvemente, com a força que tem no atual governo, tudo permanecerá como está. Até que ele venha a público e dê novas desculpas. Ou tente, em vão, abrir vagas para a contratação emergencial de médicos.