Apesar de ser uma Spac, empresa com propósito específico de aquisição – negócio que surge com o objetivo de investir em ideias promissoras -, a Zanite, potencial parceira da Embraer no mercado de "carros voadores", não é uma novata no mercado de aviação. Um dos principais nomes por trás da empresa é Kenneth Ricci, dono da Directional Aviation Capital, que reúne negócios como a Flexjet, de jatos particulares, além da Corporate Wings, de gestão de aeronaves. A companhia tem 2 mil funcionários e receitas de cerca de US$ 2 bilhões.
Ricci iniciou a carreira como cadete da Força Aérea Americana e acumula mais de 40 anos de experiência no setor. Foi o responsável por liderar, por exemplo, a reestruturação da Mercury Air Centers, grupo aeroespacial americano com atuação nos segmentos civil e militar.
A Zanite conta ainda com Ronald Sugar como consultor sênior. O executivo presidiu por quase dez anos a Northrop Grumman, gigante da indústria aeroespacial com mais de US$ 35 bilhões em receitas, em segmentos que vão do programa espacial à defesa, e participou também de conselhos de Uber e Apple. Além deles, integram o conselho do grupo ex-executivos com passagens por outros nomes de ponta da indústria aeroespacial, como Gulfstream e BAE System.
A gestora Resilience Capital Partners e seu fundador, Steven Rosen, representam o lado financeiro. Com a ajuda deles, a Zanite levantou US$ 232 milhões numa oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em novembro de 2020, para ir atrás de um negócio promissor, com preferência pelo segmento aeroespacial.
As ações da empresa atualmente são negociadas a um preço acima do patamar de listagem, o que pode ser visto como sinal de confiança do mercado, num momento em que a maioria das empresas de cheque em branco viram sua ações caírem para um patamar menor do que o da estreia, em meio à desconfiança sobre o excesso de investidores e um número limitado de negócios promissores.
<b>Aposta em aviação</b>
Os recursos levantados por meio das empresas de cheque em branco têm ajudado a financiar apostas em segmentos com potencial de se firmar como novas fronteiras da indústria aeroespacial. Nomes como a Virgin Galactic, que pretende levar turistas ao espaço, chegaram à Bolsa depois de combinar negócios com uma Spac, como pretende fazer agora a Eve, subsidiária de "carros voadores" da Embraer.
Uma das razões que explicam esse fenômeno é que a regulação das ofertas de cheque em branco é menos rígida do que a de IPO tradicional e dá mais espaço para a apresentação de dados sobre o potencial futuro de empresas com apostas em tecnologias promissoras, mas com alto risco.
O segmento de atuação da Eve já figura no rol de negócios financiados dessa maneira. Em fevereiro, a Joby Aviation chegou à Bolsa ao combinar negócios com uma Spac, numa transação que avaliou a companhia resultante em US$ 6,6 bilhões. A empresa ainda não tem fábrica e está em fase de testes. A expectativa é lançar o primeiro veículo em 2024.
<b>Relação</b>
Somente neste mês, a Eve anunciou ter fechado acordo para dois pedidos, num total de 250 unidades, ambos com entrega prevista a partir de 2026. O maior desses pedidos à subsidiária da Embraer de 200 veículos veio justamente de um negócio que faz parte da holding Directional, a Halo.
Na ocasião do anúncio, Ricci afirmou que a Eve estava em vantagem em relação às concorrentes e considerou os modelos da empresa brasileira como um dos mais preparados para produção e para obter a certificação necessária para voar.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>