O Diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, destacou nesta quinta-feira, 11, que o alcance do Sistema de Informações de Crédito (SCR) vai muito além do BC, na medida que fornece informações também para as formulações dos agentes privados e das diversas esferas no setor público. “Quanto mais e melhores informações os agentes econômicos detêm, mais eficiente tende a ser a economia e vamos reconhecer a importância do SCR para o crescimento da economia como todo”, disse Araújo.
Ele destacou que ao longo dos últimos 15 anos os mercados financeiros em geral e os mercados de crédito, em particular, experimentaram mudanças profundas, reflexo da consolidação da estabilidade macroeconômica, da melhoria de infraestrutura e avanços institucionais que ampliaram os horizontes de planejamento de consumidores e de empresários. Com isso, disse, foi possível avançar na inclusão financeira.
O diretor disse que é preciso reduzir a assimetria de informações entre credores e devedores, o chamado risco moral, para que o mercado de crédito tenha uma expansão sustentada e segura. Segundo ele, o SCR tem esse papel no Brasil.
Ele lembrou que o crédito em relação ao PIB saiu de 25,7% em 2004 para 56,1% no ano passado. “Saímos de um ambiente em que o crédito saiu do papel de figurante para um mundo em que o crédito virou protagonista nas análises de cenários macroeconômicos”, afirmou.
Próximos anos
De acordo com o chefe do Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro do BC, Gilneu Vivan, está em discussão na instituição ideias para aprimorar o SCR nos próximos anos. Segundo ele, a expectativa é que continue crescendo o processo de inclusão financeira, com aumento do crédito na proporção com o PIB e o desenvolvimento do mercado secundário. “É um desafio garantir a performance do sistema e a demanda por supervisão se torna cada vez mais complexa”, afirmou.
Entre as ideias em debate está a identificação única para cada operação de crédito de forma a rastrear toda operação como, por exemplo, se uma letra financeira não foi dada como garantia ou lastro em outra operação. “Um dos debates tem a ideia de criar um registro único para acompanhar o crédito ao longo da vida dele”, disse.
Ele explicou que também se procura fontes independentes de informação para o sistema, como, por exemplo, o cruzamento do crédito consignado com a base do INSS. “Temos o desafio de conseguir novas fontes de dados para aumentar a confiança do sistema”, disse.
Outro desafio, disse Vivan, é ampliar a crítica na entrada dos dados no SCR para garantir que esteja efetivamente correto. O BC também quer unificar as informações de operações de crédito no SCR. “Não é um trabalho fácil ou rápido, mas é importante para ter estatísticas confiáveis e consistentes, com custo menor”, esclareceu.
Outra área importante, completou o técnico, é realizar convênios com outros supervisores para captar o risco de crédito de entidades não controladas pelo BC. “A ideia é coletar essas informações para acompanhar todo crédito na economia”, explicou.