A região central de Guarulhos virou a terra de ninguém. Camelôs, beneficando-se da falta de fiscalização por parte da Prefeitura, tomaram conta das calçadas das principais ruas, para desespero dos comerciantes, que – além de enfrentar a concorrência desleal nas portas de suas lojas – tem os acessos aos seus estabelecimentos prejudicados pelo excesso de ambulantes. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano admite o problema, já identificou como se dá a logística dos ambulantes, mas não consegue coibir as irregularidades.
O GuarulhosWeb esteve mais uma vez no local e conversou com camelôs além de presenciar o momento da chegada da Polícia Militar.
Por volta das 10h30 desta quinta-feira, muitos ambulantes irregulares estavam com suas lonas estendidas pelo Calçadão da Dom Pedro. São roupas, acessórios, decoração, artesanato e eletrônicos oferecidos em “vitrines” improvisadas pelo chão.
Um ambulante que não quis se identificar afirmou que a Guarda Civil Municipal estipula um perímetro para que as lonas sejam estendidas, porém os agentes não proíbem as vendas. Na manhã desta quinta-feira (15) as pequenas bancas estavam montadas a menos de 20 metros da base da GCM instalada próximo ao Polli Shopping.
Durante a presença da reportagem, uma base móvel da PM começou a se movimentar pelo Calçadão chamando a atenção dos ambulantes que desarmavam suas bancas e fugiam. Momentos após a base ser estacionada, os camelôs já buscavam outros locais afastados para seguir com suas vendas. Alguns PMs desembarcaram do veículo, porém se mantiveram no local sem abordar os ambulantes.
Um camelô disse que até às 10h30 nenhum fiscal havia passado pelo local, mas contou que a situação está cada dia mais insustentável. “Há excessos dos dois lados, mas as duas partes só querem trabalhar e sustentar suas famílias”, explicou.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SDU) informou que “estão sendo organizadas ações diárias na região. O objetivo das operações é conter o comércio ambulante irregular e garantir a ordem pública. As operações contam com o empenho dos fiscais do Departamento de Controle Urbano, agentes da Guarda Civil Municipal e Polícia Militar”.
Uma reunião realizada na terça-feira, 13, entre SDU, GCM e PM, determinou que eles se comprometeram a apoiar as ações de fiscalização. A parceria visa garantir mais segurança dos agentes da SDU como também aos consumidores, quanto à legalidade e qualidade dos produtos adquiridos.
Segundo levantamento da secretaria, uma rede organizada atua no Centro. Veículos chegam por volta das 7h30 trazendo produtos e dezenas de pessoas. Estes, por sua vez, são alocados de maneira que todos os espaços possíveis sejam ocupados.
Em trabalho realizado nas imediações do Centro foram identificados cerca de 90 ambulantes irregulares e olheiros agindo na região às quintas e sextas-feiras. Esse número sobe para até 170 aos sábados.
Outra maneira de atuação é usando veículos, estacionamentos e imóveis para armazenar os mais variados produtos vendidos, como bolsas, brinquedos, roupas, calçados, tapete, alimentos etc.
O levantamento realizado na região verificou que já existe até a locação de espaços públicos em meio ao calçadão. Há uma rede de comunicação, olheiros e até seguranças com vistas, muitas vezes, a inibir o trabalho dos fiscais. Vale lembrar que o desacato a funcionário público no exercício de sua função configura crime previsto no Código Penal passível de multa e até detenção.
