O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, confirmou nesta quarta-feira, 18, que o BC vai atuar no mercado de câmbio – se necessário – para suavizar a saída dos bancos do <i>overhedge</i> no fim do ano. Bruno Serra citou a mudança na legislação sobre a tributação da variação cambial de investimentos no exterior, acabando a necessidade de <i>overhedge</i> cambial dos bancos, que chegou a US$ 50 bilhões no pico em março.
"Essa era uma fragilidade do nosso mercado de câmbio que perdurou por dez anos. Isso gerava uma volatilidade excessiva para o real em momentos de fragilidade da moeda", explicou ele. "Desde março, o sistema já repatriou US$ 20 bilhões. O mercado de câmbio já absorveu. E restam US$ 30 bilhões que ainda precisam ser repatriados, metade até o fim deste ano e metade até o fim de 2021", completou.
Serra admitiu que esse volume de US$ 15 bilhões até o fim do ano é significativo.
"Pode haver o risco do mercado não ter profundidade e capacidade para digerir esse volume. Se entendermos que o mercado não está sendo capaz de digerir esse volume, o BC vai atuar para preservar o mercado. Isso é natural e não é uma surpresa. Dessa vez é um evento previsível e está todo mundo de olho", completou o representante do BC.
O diretor enfatizou que o BC tem atuado no mercado de câmbio para preservar o seu bom funcionamentos, mas nunca avaliando se o câmbio está caro o barato. "Tivemos três fatores que mexeram com o mercado de câmbio. O primeiro foi a pandemia com a saída de investidores de emergentes. Em segundo lugar, a pandemia levou a uma utilização massiva do espaço fiscal. Em terceiro lugar, tivemos uma queda acentuada da taxa de juros, que naturalmente afeta a dinâmica do mercado de câmbio", completou.