Economia

SEBRAE-SP – Micro e pequenas empresas têm o melhor janeiro desde 2001

Alta no faturamento foi de 0,9% ante mesmo mês de 2012, que já havia apresentado bom resultado. Comércio se destacou com crescimento de 4,2%

O faturamento das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo foi de R$ 40,6 bilhões em janeiro deste ano, o melhor resultado para o mês desde 2001. No comparativo de janeiro de 2013 com o mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 0,9%. Apesar da taxa indicar evolução relativamente modesta, o aumento ocorreu sobre uma base de comparação forte. Em janeiro de 2012, a receita real (já descontada a inflação) das MPEs se elevou 6,3% ante igual período de 2011. Os dados são da pesquisa mensal Indicadores Sebrae-SP.

"Se em uma observação preliminar o crescimento de 0,9% não impressiona, é preciso considerar que foi um aumento sobre uma base forte, o que indica que as MPEs mantiveram a trajetória positiva e conseguiram avançar ainda mais", afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.

As MPEs paulistas faturaram R$ 40,6 bilhões em janeiro, o que em números absolutos significa R$ 357 milhões a mais do que no mesmo mês de 2012.

Na análise por setores, o comércio aparece com destaque, com crescimento de 4,2% no mesmo período de estudo. O setor puxou o resultado positivo de janeiro, beneficiado pelo bom desempenho do mercado interno. O segmento de serviços, que teve queda de 1,6% no faturamento, também foi influenciado pela forte base de comparação, já que janeiro de 2012 apresentou ótimos resultados.

A indústria registrou piora no seu desempenho, com queda de 4,1% em janeiro/13 sobre jan/12. Foi o pior resultado da indústria para um mês de janeiro, desde 2009.

"O mercado interno sustentou o comércio e o consumo das famílias tem funcionado como motor do crescimento e das vendas das MPEs", afima Caetano.

Entre as regiões, na comparação de janeiro/13 com janeiro/12, a pesquisa do Sebrae-SP mostra a cidade de São Paulo com o melhor desempenho e uma alta de 5,7% no faturamento das MPEs. A Região Metropolitana e o interior do Estado tiveram desempenho igual: aumento de 0,9% na receita real. O destaque negativo ficou com o ABC, cujo faturamento caiu 2% em janeiro de 2013 em relação a janeiro de 2012.

No confronto entre janeiro deste ano e dezembro de 2012, o faturamento das MPEs do estado de São Paulo recuou 18,1%. "Este resultado era previsto porque em dezembro as MPEs, principalmente as do comércio, são beneficiadas pelas vendas para o Natal e pelo fato de janeiro costumar ter faturamento menor do que em dezembro, entre outros fatores, por conta das férias coletivas nas empresas", diz Caetano.

 

Expectativas

A pesquisa do Sebrae-SP também mapeou as expectativas dos proprietários das MPEs paulistas. Em fevereiro de 2013, 50% dos empresários apostavam em estabilidade no faturamento para os próximos seis meses. Em fevereiro de 2012, a parcela dos que tinham essa perspectiva era maior, de 53%. Outros 35% acreditavam em aumento no faturamento, 6% falaram em piora e 10% não sabiam como avaliar o comportamento do seu negócio.

Com relação ao nível de atividade da economia, a fatia dos donos de MPE que acreditam em manutenção caiu, de 58% em fevereiro de 2012 para 56% no mesmo mês deste ano. A melhora é esperada por 25% deles. Para 9% dos empresários o nível de atividade deve piorar. O declínio de atividade era a expectativa de 5% dos proprietários de MPEs em fevereiro de 2012. Do total, 10% não sabiam dizer como o cenário econômico vai se comportar.

Segundo os analistas de mercado, a economia brasileira terá crescimento moderado este ano, de 3,1% em relação a 2012, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central. Essa previsão parte do baixo crescimento da economia no ano passado, quando o Produto Interno Bruto (PIB) avançou apenas 0,9% sobre 2011.

Para as MPEs, espera-se que este ano haja um crescimento mais equilibrado dos três setores (indústria, comércio e serviços). Devem contribuir para isso as medidas de incentivo à economia adotadas em 2012, como redução da taxa básica de juros para facilitar vendas a crédito, desoneração da folha de pagamento de empresas, redução da tarifa de energia elétrica e desvalorização do real ante o dólar, barateando os produtos nacionais ante os importados.

"Mesmo com o baixo crescimento do PIB no ano passado, o consumo das famílias evoluiu favoravelmente, com alta de 3,1% ante 2011. O desemprego baixo e os aumentos reais de renda dos trabalhadores permitiram esse resultado. São fatores que favorecem as MPEs", afirma Pedro Gonçalves, economista e consultor do Sebrae-SP.

Porém, o cenário inspira atenção. "Podem ocorrer turbulências nos mercados financeiros internacionais, afetando a economia brasileira. Europa e Estados Unidos tendem a crescer pouco em 2013, limitando as nossas exportações. Há possibilidade de crise em países do sul da Europa, que caso se concretize vai reduzir os investimentos em todo o mundo, com consequências para as MPEs também", completa o diretor-superintendente do Sebrae-SP.

De acordo com Gonçalves, no cenário interno, duas são as fontes de incertezas: inflação e investimentos. "A inflação tem se mostrado resistente à baixa. Como o consumo das famílias tem sido o grande motor do crescimento e das vendas das MPEs e o endividamento das famílias está alto, mais inflação tende a reduzir o nível de consumo." Com investimentos em baixa, a competitividade das empresas, particularmente das indústrias, é afetada. São necessárias medidas que revertam essa situação, explica Gonçalves.

 

 

Metodologia

A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente com apoio da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), com uma amostra planejada de 2.716 micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo. A amostra de empresas é elaborada por critérios probabilísticos de forma a representar o universo das MPEs paulistas. Esse universo é composto por 1.561.527 MPEs, distribuídas em: indústria de transformação (10%), comércio (53%) e serviços (37%). As entrevistas são realizadas por telefone. Nesta pesquisa, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os dados reais apresentados no relatório foram deflacionados pelo INPC-IBGE referente à Região Metropolitana de São Paulo.

 

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