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Seca faz cidade do Rio viver situação de emergência

A longa estiagem já matou 1.100 cabeças de gado e praticamente inviabilizou a pesca artesanal no município de São Fidélis (norte fluminense), um dos mais afetados pela seca que atinge o Estado do Rio.

Com economia dependente da pecuária (eram 84 mil cabeças antes da estiagem), a população de São Fidélis acompanha atônita a transformação da paisagem na zona rural. O Riacho São Benedito, que abastece os açudes das fazendas de gado antes de desembocar no Rio Paraíba do Sul, está seco.

“Esses açudes vazios são o retrato da nossa situação. Parece que estamos em um deserto. Nasci em São Fidélis e nunca tinha visto isso. É terrível”, disse o secretário municipal de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca, Gilberto França. “Não tem mais o que o animal comer. Ele morre de desidratação. Deita e não levanta mais. Só a chuva pode resolver a nossa situação.” Segundo França, a produção de leite, que havia chegado a 313 mil litros em setembro de 2013, caiu 80%.

Caminhões da prefeitura levam cana-de-açúcar comprada no município vizinho de Campos para alimentar o gado nas fazendas. Enquanto isso, retroescavadeiras cavam covas para enterrar os animais que não resistem à seca.

São Fidelis tem população relativamente pequena (38 mil habitantes), mas é um dos cinco maiores municípios do Estado. Faz divisa com seis cidades. Em 30 de setembro, o prefeito Luiz Carlos Fernandes Fratani (PMDB) assinou decreto que solicitava o reconhecimento de Situação de Emergência no município.

O governo federal informou que o processo havia chegado incompleto. Foi reencaminhado em 29 de outubro pela prefeitura. Deverá ser analisado até o próximo fim de semana.

Com o reconhecimento federal, o município receberá ajuda para comprar equipamentos, entre outros benefícios. No decreto de calamidade, o prefeito admite que o desastre superou sua capacidade de gestão. O valor necessário para a execução das ações de emergência está estimado em R$ 3 milhões no ofício encaminhado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O orçamento anual de São Fidélis é de R$ 68 milhões.

O superintendente da Defesa Civil Municipal, Cláudio Luiz de Almeida, disse que não foi necessário racionar água para a população, apesar da baixa do nível do Paraíba do Sul, mas a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) precisou aumentar a tubulação que faz a captação do rio. Já a pesca tornou-se “impossível”, segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-21, Sirley de Souza Ornelas.

“Cerca de 200 famílias sobrevivem da pesca. Hoje essas famílias estão sofrendo com uma seca jamais vista. Até mesmo os mais antigos pescadores nunca contemplaram um volume de água tão baixo no Paraíba do Sul, tornando praticamente impossível a atividade pesqueira”, diz Ornelas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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