Por um erro em informação divulgada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, a reportagem “Homicídios admitidos pelo governo não constam de estatísticas oficiais”, publicada nesta sexta-feira, 4, pelo jornal O Estado de S.Paulo, informou que a morte de Caio Augusto Vasconcellos de Tilio, de 28 anos, era de responsabilidade do 2.º Distrito Policial (Bom Retiro) e estaria de fora das estatísticas criminais de homicídio. O texto apontou que, de uma lista de 21 casos classificados como “morte suspeita”, em oito a secretaria admitia de fato tratarem-se de homicídio. Mas eles não constavam dos números oficiais.
A informação incorreta fornecida pela secretaria fez a reportagem buscar boletins de ocorrência registrados no 2.º DP no mês de março para atestar que a morte de Tilio não estava nas estatísticas. Na verdade, segundo a secretaria, o caso é do 3.º DP (Campos Elíseos). De qualquer forma, nem o boletim aberto no dia em que Tilio foi espancado (BO 1325/15) nem o registrado quando ele morreu, após internação (BO 1336/15), constam na relação dos boletins de ocorrência de homicídio que formaram as estatísticas de homicídio do primeiro semestre de 2015, que o jornal O Estado de S.Paulo obteve por meio da Lei de Acesso à Informação.
O erro cometido pela secretaria foi descoberto por meio de uma nota enviada pela pasta, em que contesta a reportagem. A nota dizia que a reportagem havia informado incorretamente a delegacia responsável pelo caso. A informação publicada pelo jornal era aquela que havia sido repassada pela secretaria.
Além do caso de Tilio, na nota, a pasta cita ainda um suicídio registrado pelo 78.º DP (Jardins), em 19 de janeiro do ano passado. Este caso se trata de uma ocorrência da Liberdade, zona sul, que não foi objeto da reportagem do Estado publicada na quinta-feira, 3, informando que o número de assassinatos ocorridos no Estado é maior do que o governo divulga. O jornal nunca tratou dessa ocorrência. A secretaria foi informada que o caso não seria tratado na reportagem.
O caso do 78.º DP constava de uma lista de 34 ocorrências enviadas à Secretaria da Segurança Pública durante a produção da reportagem. A apuração levou o jornal O Estado de S.Paulo a desconsiderar o caso, uma vez que de fato havia suspeita de suicídio. O jornal informou a decisão à secretaria no dia 26 de fevereiro. No dia 29, o secretário Alexandre de Moraes respondeu aos 34 casos originais. Os dados fornecidos por ele sobre os casos descartados foram desconsiderados.