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Secretário da Câmara de SP caiu 10 dias após vídeo

Dez dias após dois assessores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Alvarás serem gravados tentando achacar um comerciante dentro da Câmara Municipal de São Paulo, o responsável pela sala usada no subsolo foi destituído do cargo. Funcionário da Casa há 40 anos, Delfim Alberto Machado, que em 8 de setembro era secretário de Infraestrutura, deixou a função no dia 18 daquele mês.

Nomeado em janeiro do ano passado pelo presidente da Câmara, José Américo (PT), Machado foi quem entregou a chave da sala 1S-06 para a equipe da CPI. Foi nesse local que a reportagem do Fantástico, da TV Globo, flagrou o servidor Roberto de Faria Torres e o então assessor parlamentar Antônio Pedace, do gabinete de Eduardo Tuma (PSDB), tentando extorquir dinheiro de um comerciante.

No vídeo, ambos exigem o pagamento de R$ 15 mil para regularizar o bar do empresário, que havia sido notificado de forma irregular pelos assessores – o ofício não é o padrão usado pela Casa. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a sala usada na tentativa de achaque chegou a ser esvaziada por funcionários da Secretaria de Infraestrutura para servir exclusivamente a Machado e assessores da comissão.

Essa nova função da 1S-06 ocorreu a partir do dia 22 de agosto, quando o líder do PTB na Câmara, vereador Paulo Frange, vetou o uso da sala da liderança do partido pela dupla de assessores. A chave da porta dessa sala chegou a ser trocada pela Secretaria-Geral Administrativa depois que comerciantes denunciaram terem sido convidados a apresentar documentos no local.

Segundo Frange, que registrou um boletim de ocorrência para se “resguardar de possíveis dissabores”, a prática de exigir documentos em reunião fechada é proibida. Durante uma CPI, os documentos solicitados devem ser protocolados na secretaria da comissão.

Troca-troca

Com a saída de Machado do cargo, a secretaria passou a ser comandada pelo chefe de gabinete da Presidência, Camilo Martins Júnior. A troca, no entanto, durou apenas dois dias. Em 20 de setembro, Martins deixou de ser secretário de Infraestrutura e, em seu lugar, ficou Helio Franceschelle, que segue na função.

Em nota, a Presidência informou que cedeu a sala 1S-06 a pedido da CPI dos Alvarás, que passou a ter “acesso exclusivo ao local”. De acordo com a Casa, a chave só foi devolvida no encerramento da comissão. A Presidência reforçou que não tinha conhecimento do que acontecia e, se tivesse, teria retomado o local.

Sobre a saída de Machado da pasta da Infraestrutura, a Presidência explicou que a troca foi feita a pedido do funcionário. Atualmente, ele trabalha na Secretaria de Recursos Humanos. Por ordem judicial, seu salário não é divulgado. Pedace foi exonerado do cargo e nega ter cometido irregularidade. Torres não foi encontrado. O Ministério Público e a Controladoria-Geral do Município investigam o caso.

Licença

Corregedora da Câmara e responsável pela abertura de uma sindicância para apurar as denúncias de corrupção na CPI dos Alvarás, a vereadora Sandra Tadeu (DEM) tirou licença de seis dias por motivos particulares. Com sua ausência, a decisão ficou para quarta-feira da próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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