O secretário do Tesouro dos EUA, Jack Lew, levará a Brasília na terça-feira uma mensagem de apoio às reformas econômicas propostas pelo governo, em especial na área fiscal. Primeiro integrante do gabinete de Barack Obama a visitar o Brasil desde a efetivação de Michel Temer no cargo, ele será recebido pelo próprio presidente, que tenta resgatar a confiança internacional no País e atrair investimentos estrangeiros para projetos de infraestrutura.
“As políticas que foram articuladas pelo ministro da Fazenda (Henrique Meirelles) e o Banco Central são construtivas. Na medida em que sejam implementadas, elas criarão as bases para o crescimento e investimentos futuros”, disse uma autoridade do Departamento do Tesouro sobre a viagem.
Além do Brasil, Lew visitará Argentina, Colômbia e México. “A viagem tem o objetivo de fazer um balanço de reformas econômicas positivas e importantes na América Latina. Estamos vendo nesses países um esforço para construir economias mais estáveis e com crescimento”, disse o funcionário do Tesouro.
Em sua avaliação, as dificuldades da economia brasileira decorrem de um coquetel que mesclou queda no preço das commodities, enfraquecimento da demanda global e doméstica, crescente intervenção do Estado na economia, gastos excessivos em programas sociais e aumento da carga tributária. O resultado, disse, foi o desequilíbrio das contas públicas e a redução da confiança dos investidores.
Tanto o Brasil quanto a Argentina passaram por transições políticas recentes, seguidas da adoção de medidas econômicas mais liberais e da apresentação de reformas demandadas pelo mercado. O representante do Tesouro lembrou que o Brasil vive sua mais profunda recessão em mais de cem anos, marcada por um período de instabilidade política.
Na quarta-feira, Temer se reuniu em Nova York com dirigentes das maiores empresas americanas com negócios no Brasil. Em seguida, participou de almoço com cerca de 300 investidores, analistas de mercado e representantes de agências de classificação de risco.
Seu principal recado foi o de que o governo possui apoio no Congresso para aprovar o teto de aumento de gastos públicos e as reformas previdenciária e trabalhista, que ainda estão em fase de elaboração. As medidas enfrentam resistência na própria base de Temer no Congresso e muitos parlamentares pressionam para que a proposta de limite constitucional dos gastos seja flexibilizada.
A primeira parada do tour latino-americano de Lew será a Argentina, outro país que implementa medidas de ajuste.