É possível que os ouvidos de quem passou quatro dias, de 3 a 6 de dezembro, na Comic Con Experience, ainda estejam sensíveis, depois de tanto barulho e gritaria. O principal auditório da convenção também conhecida pela sigla CCXP recebeu fãs de Star Wars, tão ensandecidos quanto aqueles que passaram horas na fila para assistirem aos painéis dos blockbusters de heróis Capitão América: Guerra Civil e Batman vs Superman: A Origem da Justiça.
Havia nerdice até a última gota de suor que escorria pelas têmporas daqueles que circulavam pelos 55 mil m² da área total destinada ao evento – um sistema de refrigeração melhor viria bem a calhar na edição de 2016. Gente com sacolas pesadas, outros mais profissionais na arte de comprar em convenções levaram até malas com rodinhas. Uns se fantasiavam com pompa. Outros com menos dinheiro e mais boa vontade. Era um paraíso de compras para qualquer um que, hoje, esteja minimamente ligado ao suprassumo da cultura pop, desde estatuetas ultrarrealistas de personagens de filmes icônicos a livros, quadrinhos, entre outras bugigangas. Difícil sair de lá sem cair em qualquer tentação consumista. E tudo bem. Uma Comic Con, como tantas outras realizadas ao redor do planeta, é o lugar ideal para encontrar esse tipo de produto.
Em sua segunda edição, a CCXP cresceu. Recebeu 120 mil pessoas ao longo de quatro dias e, principalmente, tornou-se mais relevante para o calendário de eventos da cidade. Muito disso se deve à melhoria no produto oferecido. Depois de uma estreia que não era tão relevante em termos de atrações, a segunda edição foi capaz de surpreender. Os grandes estúdios, como Disney, Warner, Fox e a nova queridinha dos brasileiros Netflix, levaram para seus painéis conteúdo relevante para aquele público. Examinou-se os figurinos dos heróis de Batman vs Superman, assistiu-se a um vídeo inédito com bastidores de Star Wars, contemplou-se um trailer estendido do novo Capitão América que só havia sido exibido na Comic-Con de San Diego, a principal delas.
Conteúdo é importante, ou tudo soa como caça-níquel, como aqueles evento chinfrins que não valem o preço do ingresso. A CCXP, por sua vez, se superou ao trazer, como convidado de honra, Frank Miller. Figura das mais icônicas dos quadrinhos, criador das histórias Batman: O Cavaleiro das Trevas, a Queda de Murdock, 300 e Sin City, entre outras, ele mudou a forma de narrar uma história de super-herói. Desconectou, aliás, as duas palavras. Nos quadros de Miller, não havia nada de super ou puramente heroico naqueles personagens.
Miller não cobrou por autógrafos – diferentemente de muitos artistas que lá foram – e ainda esteve no auditório principal da Comic Con Experience duas vezes, para participar de dois painéis diferentes. Teve seu nome gritado numerosasa vezes. E com razão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.