A produção brasileira de grãos na safra 2022/23, em fase de plantio, deve atingir recorde e superar pela primeira vez a marcar superior a 300 milhões de toneladas, atingindo 313,036 milhões de t, o que corresponde a um aumento de 15,5% (crescimento de quase 42 milhões de t) em comparação com safra anterior 2021/22, que foi de 271,061 milhões de t. As informações fazem parte do segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quarta-feira, 9. Na comparação com a pesquisa anterior, houve aumento de 670,3 mil t, ou 0,21%.
Conforme a estatal, o crescimento reflete uma estimativa de elevação na área plantada da soja. No geral, a área semeada no País deverá crescer 3,2%, atingindo 76,828 milhões de hectares, ante aos 74,473 milhões de hectares cultivados em 2021/22. O presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, disse no comunicado que "esse acréscimo é explicado, entre outros fatores, pelo avanço em importantes Estados produtores da agricultura em áreas de pastagens degradadas, ou ainda, da opção pela oleaginosa em detrimento a outras culturas em virtude da melhor rentabilidade".
De acordo com o levantamento, a projeção é que cerca de 43,2 milhões de hectares em todo País sejam destinados para a semeadura da soja. Com uma produtividade esperada em 3.551 kg/ha, a estimativa é que a produção fique em torno de 153,5 milhões de toneladas, aumento de 22,3% em comparação com 2021/22 (125,550 milhões de t). "O plantio da safra 2022/23 da oleaginosa alcança 57,5% da área prevista após um início lento por conta das precipitações localizadas em alguns Estados", disse a Conab.
Em Mato Grosso, principal Estado produtor do grão, os trabalhos se aproximam do fim e as lavouras apresentam bom desenvolvimento, apesar da irregularidade das chuvas. Em Goiás, Minas Gerais e no Matopiba, o plantio continua em ritmo mais lento ao da safra passada por causa das condições climáticas registradas em outubro. Em Mato Grosso do Sul, esta é considerada uma das safras com melhor desenvolvimento das lavouras dos últimos anos. No Rio Grande do Sul, o início da semeadura continua em porcentual abaixo daquele registrado no mesmo período do último ciclo; no Paraná e em Santa Catarina, as baixas temperaturas e o excesso de chuvas comprometem o desenvolvimento inicial da cultura em diversas regiões.
Para o milho, a expectativa é que a produção total seja de 126,397 milhões de toneladas, o que corresponde a um aumento de 12% ante período anterior (112,832 milhões de t). "Na primeira safra do cereal há redução de 3,1% na área a ser cultivada, atribuída à elevação dos custos de produção e à alta pressão da ocorrência de cigarrinha", explicou a Conab. "Com essa medida, os produtores esperam uma redução da infestação desta praga no próximo cultivo por meio da eliminação da ponte verde , que seria a presença de milho durante o verão e, com isso, reduzir a pressão do inseto na segunda safra", ressaltou o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Companhia, Sergio De Zen. A safra de verão, ou primeira safra, está projetada em 28,153 milhões de t (mais 12,5% ante 2021/22, que foi de 25,027 milhões de t).
A Conab também prevê uma redução de área para o arroz e o feijão. No caso do arroz, a maior queda se dá em área de plantio sequeiro da cultura. Com uma área estimada em 1,5 milhão de hectares e uma recuperação da produtividade média saindo de 6.667 kg/ha para 7.012 kg/ha, uma vez que a safra passada foi marcada pela estiagem no Sul do País, a safra do cereal está estimada em 10,636 milhões de toneladas, queda de 1,4% ante 2021/22 (10,789 milhões de t).
No caso do feijão, a diminuição deve chegar a 2,7% na área total prevista a ser semeada, somando todos os três ciclos da cultura. Ainda assim, a produção total de feijão no País é estimada em 2,899 milhões de toneladas, baixa de 3% ante o período anterior (2,989 milhões de t). A primeira safra está projetada em 892,5 mil t ante 940,8 mil t em 2021/22 (-5,1%).
Dentre as culturas de inverno, destaque para a safra recorde de trigo. A expectativa é que os agricultores colham 9,5 milhões de toneladas do grão nesta safra, volume 23,7% maior que o ciclo anterior (7,679 milhões de t)." O bom resultado deverá ser obtido mesmo com a redução de produtividade das lavouras no Paraná, prejudicadas por excesso de umidade, registrado ao longo de setembro e outubro deste ano, o que tende também a diminuir a qualidade do respectivo produto colhido. A situação adversa no Estado paranaense foi compensada pelas condições climáticas favoráveis no Rio Grande do Sul, com rendimentos obtidos acima de 55 sacas por hectare e boa qualidade do grão colhido."