Ouro, duas pratas, mais um ouro. A sequência impressionante de quatro finais olímpicas do vôlei masculino acabou coroada neste domingo, nos Jogos do Rio, do mesmo jeito como começou. Assim como em 2004, uma vitória sobre a Itália na decisão valeu o título, o terceiro da história. Mas ao contrário das duas ocasiões anteriores, veio em casa, com Maracanãzinho lotado em êxtase para conduzir a equipe a vencer por 3 sets a 0, com parciais de 25/22, 28/26 e 26/24, e repetir as façanhas de Barcelona, em 1992, e de Atenas, há 12 anos.
Os vices em 2008, para os Estados Unidos, e 2012, para a Rússia, fizeram o público cantar mais forte “o campeão voltou” nos instantes finais. Mais do que enfatizar o retorno do ouro ao peito dos brasileiros, significa exaltar o poderio verde-e-amarelo na modalidade. O Brasil acumulou a décima medalha olímpica de vôlei na história, a quinta de ouro. Somente União Soviética e Rússia juntas, com 19 medalhas, foram mais premiadas.
A torcida teve a presença de Neymar. No dia seguinte à conquista inédita do ouro olímpico o atacante do Barcelona se sentou na primeira fileira do Maracanãzinho e ao aparecer no telão do ginásio, teve o nome gritado pela animada plateia. A euforia pela final atingiu o ápice da comoção, com o grande número de bandeiras, as comemorações a cada ponto e a coreografia ritmada pelas músicas escolhidas pelo DJ do ginásio.
Junto com o auge da animação da torcida ao longo de oito jogos, a seleção atingiu o topo das suas atuações. Antes quase eliminada na fase de grupos, avançou em quarto lugar da chave para apresentar na decisão o melhor do repertório. Força no saque como nunca antes havia se visto, tranquilidade nos momentos de pressão e a defesa para anular o temido ataque italiano.
O Brasil chegou ao recorde de quatro finais seguidas no vôlei diante da adversária com quem iniciou a série de decisões. A Itália tinha para a disputa ingredientes a mais do que somente o ouro para se motivar. Valia o título inédito para um país potência no modalidade e disposto a vingar a derrota em Atenas, em 2004. A equipe confiava no retrospecto de ter vencido o rival na primeira fase e apostava em Zaytsev, o segundo maior pontuador do torneio, atrás só de Wallace.
O italiano, filho de ex-jogador russo campeão olímpico em 1980, não ameaçou tanto no primeiro set, fechado em 25 a 22 em um erro de saque dele. O Brasil começou atrás e engrenou após vencer disputado rali para igualar em 12 a 12. A força do saque foi decisiva para desequilibrar o início da final. Só no primeiro set foram cinco aces brasileiros, dois deles de Lucarelli. Na semifinal contra a Rússia, por exemplo, foram dois pontos nesse fundamento durante todo o jogo.
O saque continuou forte no segundo set, importante para responder ao ataque italiano. Zaytsev passou a dar mais trabalho, junto com Juantorena. Os dois concentravam mais da metade dos pontos e ao fazer o time equilibrar a partida, criou no ginásio o temor da repetição do confronto anterior, pela primeira fase, a vitória da Itália de virada por 3 sets a 1. Mas após salvar dois set points, os italianos não evitaram nova vitória, dessa vez por 28 a 26.
No set seguinte, a luta era para conter a ansiedade. A cada ponto a medalha ficava mais perto, porém a Itália não tinha desistido, mesmo com 2 a 0 contra. O bloqueio ficou mais forte, assim como as reclamações contra decisões de arbitragem. No jogo de nervos prevaleceu quem tinha menos a perder naquele momento. Quando os erros adversários pareciam pesar a favor do Brasil, o ginásio reforçou o apoio.
O símbolo da conquista foram os pontos finais do terceiro set. A torcida ficou em pé, assim como Neymar, acompanharam o desenrolar da partida, empatada em 23 a 23. Teve vaia para os saques italianos, vibração com os match points e emoção junto com os jogadores para celebrar o ponto final. Um bloqueio encerrou a final com comemoração coletiva. Voluntários, atletas, comissão técnica e torcida fizeram virar carnaval a final olímpica, fechada em 26 a 24.