Os jogadores das seleções masculina e feminina de futebol dos Estados Unidos firmaram um acordo histórico para dividir igualmente salários e premiações, inclusive em Copas do Mundo. O acerto foi anunciado nesta quarta-feira pela Federação Americana de Futebol (U.S. Soccer, na sigla em inglês), que se torna a primeira entidade ligada à Fifa a igualar o prêmio concedido às equipes pela participação no Mundial.
"Este é um momento verdadeiramente histórico. Esses acordos mudaram o jogo para sempre aqui nos Estados Unidos e têm o potencial de mudar o jogo em todo o mundo", disse a presidente da federação de futebol dos EUA, Cindy Parlow Cone.
A resolução surge após um longo debate entre as partes sobre o assunto, que chegou ao fim nesta semana com uma reunião de membros das seleções masculina e feminina para fecharem acordos coletivos de trabalho (CBAs) com a U.S. Soccer. Assim, os bônus para ambas equipes serão baseados em desempenho idênticos para todos os jogos e competições. O time feminino passará a ter os mesmos pagamentos "pay-to-play" que seus colegas masculinos.
A premiação em dinheiro da Fifa para as Copas do Mundo masculina e feminina é desigual. O conjunto de bônus para Mundial do Catar é de US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,9 bilhão), enquanto o prêmio em dinheiro para o torneio feminino na Austrália, em 2023, é de US$ 60 milhões (R$ 297 milhões).
A U.S. Soccer também anunciou que parte de suas receitas será compartilhada igualmente entre as seleções. Segundo a federação, a nova estrutura de compartilhamento de receita "fornecerá incentivo adicional para que todas as partes trabalhem juntas para expandir o jogo".
"As realizações neste CBA são uma prova dos incríveis esforços das jogadoras do WNT (seleção nacional feminina) dentro e fora do campo", disse a jogadora do USWNT e presidente da associação de jogadores do USWNT, Becky Sauerbrunn.
O acordo surge três meses depois que a USWNT e a U.S. Soccer concordaram em resolver uma disputa sobre salários iguais que acontecia desde 2016, quando algumas jogadores entraram com uma queixa federal por discriminação salarial. Elas alegaram que recebiam menos do que os jogadores do sexo masculino, embora gerem mais renda para a Federação de Futebol do país.
"Os ganhos que conseguimos alcançar são tanto por causa da forte base estabelecida pelas gerações de jogadores do WNT que vieram antes do time atual quanto por meio da recente colaboração de nosso sindicato com nossos colegas do USNSTPA e liderança no futebol dos EUA", acrescentou Sauerbrunn.
A Copa do Mundo masculina está agendada para novembro e dezembro deste ano no Catar, enquanto a edição feminina será realizada no próximo ano na Austrália e na Nova Zelândia. A seleção dos EUA é o time de maior sucesso no futebol da categoria feminina, tendo conquistado quatro Copas do Mundo, incluindo a última em 2019.