Estadão

Seleção vai jogar em estádio de R$ 4,9 bilhões e com gramado removível

Apesar de duas grandes seleções em campo, o amistoso entre Brasil e Espanha, na terça-feira, conta com uma atração a mais: o estádio Santiago Bernabéu. A casa do Real Madrid passa por cinco anos de reformas para tornar-se um dos mais modernos estádios do mundo. A inovação soma-se à história de 76 anos do local, que já sediou finais de Copa do Mundo, Liga dos Campeões e até da Copa Libertadores.

A sétima remodelação do estádio foi lançada pelo Real Madrid ainda em 2017. Dois anos depois, começaram as obras. Inicialmente, o plano era que o clube mantivesse os jogos no local. Entretanto, após o primeiro ano de serviços, a pandemia de covid-19 paralisou o futebol. As obras continuaram, mas em ritmo menor. Quando os jogos voltaram, a equipe utilizou o estádio Alfredo Di Stéfano, no CT do Real Madrid.

O retorno ao Bernabéu foi em agosto de 2021, mas todas as reformas acabam oficialmente apenas em junho deste ano. O orçamento inicial foi previsto em 575 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões). Entretanto, o custo já passou de 900 milhões de euros (R$ 4,9 bilhões). Os valores são financiados em 30 anos e começaram a ser pagos no ano passado. A entrega era prevista para 2022, quando o estádio completou 75 anos, mas as obras atrasaram. Além dos serviços reduzidos na pandemia, a Guerra da Ucrânia causou falta de materiais e problemas inflacionários, o que afetou o prazo de entrega.

Os principais pontos desta remodelação envolvem aumento da capacidade, mudança no gramado e instalação de um teto retrátil. A ideia é transformar o Santiago Bernabéu em uma arena multiuso que promove eventos de outros esportes, como futebol americano, vôlei e tênis, além de shows. A NFL, liga de futebol americano dos Estados Unidos, já anunciou uma partida da temporada regular no estádio madrilenho, assim como vai ocorrer na Neo Química Arena, do Corinthians.

A nova capacidade é de 84.744 torcedores, graças à expansão do setor leste e assentos adicionais nos camarotes e para a organizada Grada Fans. Antes. O limite até então era de 80 mil pessoas. A principal inovação é o gramado dividido em seis placas, de um gol até o outro. Elas têm base a 35 metros de profundidade e podem ser rebaixadas e alavancadas por meio de guindastes. O "gramado retrátil" possibilita a realização de shows sem prejuízo para o campo. Somente esta instalação custou 225 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão). O terreno vazio deixado pela grama poderá dar lugar a quaisquer outros tipos de solos, como os pisos de madeira e até mesmo materiais mais simples para aguentar multidões.

BERNABÉU SEDIOU FINAIS DOS PRINCIPAIS TORNEIOS DO MUNDO
A construção do então chamado Nueo Chamartín começou em outubro de 1944, durante a gestão do presidente Santiago Bernabéu, nome homenageado pelo estádio a partir de 1955. Um ano antes de ser rebatizado, o estádio teve a primeira reforma, com ampliação de público para 125 mil pessoas. Torcedores do Real quase lotaram a nova capacidade na temporada 1956/57, quando o local sediou a final da Liga dos Campeões (na época chamada de Taça dos Clubes Campeões Europeus). O resultado foi 2 a 0 contra a Fiorentina e o segundo título da competição para a equipe de Di Stéfano. Ao longo de sua história, o Bernabéu recebeu quatro finais da Liga dos Campeões e decisões de Copa do Mundo, do Europeu de 1964 e da Libertadores de 2018.

Em 1982, a capacidade do estádio foi reduzida para 91 mil. O Santiago Bernabéu foi o principal palco da Copa daquele ano e sediou a final do torneio, com a vitória de Paolo Rossi por 3 a 1 contra a Alemanha. Nos anos 1990, a lotação foi novamente aumentada, para 106 mil, desta vez, mas teve nova redução, para 74 mil, por exigências de segurança da Fifa.

A Libertadores de 2018 foi a última realizada com final em dois jogos. Na ida, Boca Juniors e River Plate empataram por 2 a 2, na Bombonera. A volta seria no Monumental de Nuñez, mas um ataque ao ônibus da equipe do Boca fez a Conmebol transferir o jogo para Madri, no Santiago Bernabéu. O River venceu por 3 a 1 e conquistou seu quarto título da competição.

Brasil e Espanha entram em campo em jogo amistoso nesta terça-feira, às 17h30 (horário de Brasília). As federações dos dois países esperam usar a partida como um símbolo da luta antirracista, protagonizada por Vinicius Júnior, jogador da seleção brasileira e do Real Madrid. O jogo também marca a primeira vez que Endrick, do Palmeiras, jogará no estádio do clube para o qual vai em junho deste ano.

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