O senador Alvaro Dias (Podemos), que ficou sem o apoio do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), para concorrer à reeleição ao Senado, terá de decidir até a sexta-feira, 5, qual cargo disputará na eleição deste ano. A falta de alianças partidárias poderá uni-lo a Roberto Requião (PT), que concorrerá ao Palácio Iguaçu. Há 20 anos, os dois disputaram o governo, tendo Requião vencido no segundo turno.
A avaliação de fontes ligadas aos experientes políticos é de que não se deve descartar a alternativa. Para Dias, um entrave para o acordo é estar no mesmo que palanque que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na corrida ao Senado, ele disputa principalmente com o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) e Paulo Martins (PL), candidato de Ratinho Jr. e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Dias prefere concorrer à reeleição ao Senado – cargo para o qual foi eleito em 1983, 1998, 2006 e 2014. Para isso, ele esperava contar com o apoio do governador, o que foi descartado no sábado, 30. Sem palanque, ele já avaliava colocar o senador Flavio Arns (Pode) na corrida ao Palácio Iguaçu, na busca por palanque.
Outra possibilidade, tida como "saída honrosa", seria aceitar o convite nacional do partido para concorrer à Presidência da República. Na semana passada, o senador adiou a convenção estadual do partido para o último dia do prazo. Isolado no ponto de vista de alianças, ele tem afirmado que a decisão será anunciada na sexta-feira.
O ex-governador Requião viu frustradas as tentativas de costurar acordo com o PDT, que indicaria o nome ao Senado na aliança de centro-esquerda. Os pedetistas, na tentativa de dar palanque para Ciro Gomes, decidiram em convenção lançar o deputado federal Ricardo Gomyde ao governo e Desiree Salgado ao Senado.
<b>Aliança de Requião avalia nome menos a esquerda</b>
Na aliança de esquerda, o PV chegou a indicar Hermas Brandão para vice de Requião, mas o ex-deputado desistiu. Com isso, Jorge Samek (PT) acabou sendo oficializado no posto. A mudança deu ao PV a prioridade na indicação ao Senado. O outro partido da federação, o PC do B, também pleiteia a vaga.
Porém, o entorno de Requião avalia que um nome "menos à esquerda" poderia ajudar na disputa. Samek, ex-diretor da Itaipu Binacional, é tido como uma das pontes para um possível acordo entre Requião e Dias. Outra alternativa seria a indicação de um nome pela federação PSOL/Rede, que discute a apoio a Requião.
"Eu acredito que (o nome do Alvaro Dias) pode ser discutido, mas eu não sei, acho muita suposição, meio difícil. Alvaro é adversário político histórico dos projetos do PT e nunca foi colocado. Pode ser que daqui três ou quatro dias possa ocorrer algum fato, mas até hoje não tem nada em relação a isso", explica Arilson Chioriato, deputado estadual e presidente do PT no Paraná.
Ao Estadão, a assessoria do ex-senador Requião disse que a decisão sobre a vaga ao Senado ficará com o comando da federação e que, até esta segunda, 1.º, não havia nada oficializado. A assessoria confirmou que "há conversas com as mais diversas forças políticas" e que, "por enquanto, os partidos estão tentando uma saída para o Senado".
Além de Moro, Martins, Desiree e a possibilidade de Alvaro, a disputa ao Senado pelo Paraná também tem até o momento César Silvestri Filho (PSDB), Guto Silva (PP), Orlando Pessutti (MDB), Aline Sleujtes (Pros), Laerson Matias (PSOL) e Roberto França (PCO). Pesquisas já divulgadas colocam Dias e Moro à frente.