Bastaram alguns dias sem chuvas para que o Rio Piracicaba, um dos principais do interior de São Paulo, voltasse a apresentar nível crítico. Na manhã desta segunda-feira, 22, na passagem pela área urbana de Piracicaba, o rio tinha vazão de 24,9 metros cúbicos por segundo, bem abaixo da vazão média para o mês, de 93,3 m3/s, segundo a rede de telemetria do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). O volume de água estava próximo da vazão registrada nesse mesmo período de 2014, no auge da crise hídrica, quando chegou a 22,4 m3/s.
Com o recuo das águas, voltaram a surgir as pedras do leito do rio, principalmente na cachoeira, principal atração turística da cidade. Entre junho e novembro do ano passado, o rio praticamente secou, revelando o leito cheio de pedras e com muito lixo. Houve mortandade de peixes. Conforme previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), podem ocorrer chuvas na região ainda esta semana.
Os Rios Jaguari e Atibaia, que formam o Piracicaba, também estavam com vazão abaixo da esperada nesta época – 13,1 metros cúbicos por segundo e 7,2 m3/s, respectivamente. A oscilação negativa nas vazões preocupa o Consórcio PCJ, pois os rios respondem pelo abastecimento das regiões de Campinas, Jundiaí e Piracicaba, com mais de 4 milhões de pessoas. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que avaliaram o comportamento das séries hídricas históricas do Piracicaba ressaltam a necessidade de recuperar o volume útil para garantir o balanço hídrico e o abastecimento geral da região.
De acordo com o PCJ, ficou evidente nesses estudos a urgência da construção de reservatórios para aumentar a disponibilidade de água. Três barragens estão previstas na região – Duas Pontes, no Rio Camanducaia; Pedreira, no Rio Jaguari, e Salto, no Rio Piraí -, mas as obras aguardam licenciamento ambiental.