Internacional

Sem citar Trump diretamente, Merkel critica recuo dos EUA em acordos comerciais

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta quarta-feira que não estava feliz com o possível fracasso do acordo de comércio chamado de Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês). A declaração é dada após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que pretende retirar o país do TPP no primeiro dia do poder. Para Merkel, acordos alternativos são uma alternativa insatisfatória nesse caso.

Merkel não mencionou Trump diretamente em seu discurso no Parlamento alemão, no qual ela pediu que os países adotem uma abordagem multilateral para resolver problemas globais, mas deixou claro sua discordância com a abordagem do empresário para os grandes acordos comerciais. “Eu vou dizer a vocês honestamente: eu não estou feliz que a Parceria Transpacífico provavelmente não se tornará uma realidade”, afirmou ela. “Eu não sei quem se beneficiará disso, vou me abster de previsões”, comentou.

“Eu só sei uma coisa: haverá outros acordos comerciais, e eles não terão os padrões que esse acordo e que o possível TTIP têm. Isso tem a ver com empregos na globalização, com condições de competição justas, com moldar a globalização de maneira humana”, afirmou. Merkel se referiu à Parceria de Comércio e Investimento Transatlântica (TTIP, na sigla em inglês), negociado entre os Estados Unidos e a União Europeia. Com Trump no poder, as autoridades da UE dão como certo que o TTIP terá de ser renegociado e pode acabar mesmo enterrado. O acordo já enfrenta resistências em parte da Europa, inclusive na Alemanha.

Trump descreve o acordo comercial entre os países do Pacífico como “um desastre potencial para nosso país”. Ele também deseja renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) com Canadá e México.

A possível desistência do TPP pode dar fôlego a iniciativas alternativas, entre elas uma promovida pela China na qual os Estados Unidos não estão envolvidos. Trump defende acordos de comércio bilaterais, com o argumento que dessa maneira pode garantir mais empregos nos EUA.

Merkel, por sua vez, defendeu uma abordagem multilateral, em uma época de questões complexas no cenário global. “Há duas possibilidades de reagir a isso”, comentou. “Ou eu recuo para mim e meu país, me fecho, ou tento buscar respostas simples para o que parece ser complicado; ou nós defendemos o fortalecimento de nossos valores, que consideramos corretos e importantes não só em casa, mas tentamos levá-los ao mundo junto com nossos parceiros europeus, junto com os Estados Unidos, junto com aliados pelo mundo”, argumentou. “Eu digo que deveríamos buscar esse denominador comum, contar com o multilateralismo e trabalhar junto com outros para moldar a globalização.” Fonte: Associated Press.

Posso ajudar?