Sem conseguir sair da crise financeira, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) aposta em uma campanha nas redes sociais para buscar patrocinadores e levantar recursos para manter a entidade, abalada por denúncias de corrupção de ex-dirigentes e falta de infraestrutura.
A campanha consiste em vídeos feitos em parceria e pelos próprios atletas, e ex-esportistas, para lembrar dos feitos dos esportes aquáticos nacionais, principalmente da natação. Entre eles estão figuras do calibre de Gustavo Borges e Ricardo Prado, medalhistas olímpicos.
Nos vídeos, eles elogiam a atual gestão da CBDA, principalmente no quesito transparência, e pedem apoio de empresas. "Falta um ano para a Olimpíada de Tóquio, o momento de investir no nosso esporte é agora", diz um trecho do vídeo. "Patrocine o esporte brasileiro", afirma o nadador Bruno Fratus e outros atletas das cinco modalidades que estão sob a gestão da entidade (nado artístico, saltos ornamentais, maratonas aquáticas, polo aquático, além da natação).
"Essa campanha tem como objetivo mostrar à sociedade e ao mercado anunciante que a CBDA vive um momento muito especial e peculiar. Especial porque a CBDA, com um ano da nova gestão, tem suas contas abertas, governança administrativa, acesso total da comunidade esportiva aos dirigentes, inclusão social e, acima de tudo, uma enorme paixão pelas modalidades aquáticas", diz o diretor de negócios da CBDA, Daniel Mielzynski.
No momento, a CBDA não conta com patrocinadores. A entidade se mantém basicamente devido ao trabalho voluntário de parte dos dirigentes e de auxílios pontuais do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A pandemia contribuiu para agravar a situação porque não estão entrando nos cofres da entidade nem os direitos de transmissão de suas competições, cedidos à TV Globo. O pagamento está suspenso porque as competições ainda não foram retomadas na totalidade.
Os recursos da Lei Agnelo-Piva, que distribui às confederações olímpicas recursos das loterias, não podem ser utilizados para administrar a CBDA. O valor de R$ 4.414.991,07, repassado pelo COB anualmente à entidade, só pode ser gasto com ações esportivas.
Sem este dinheiro, a gestão liderada por Luiz Fernando Coelho aposta na credibilidade que vem conquistando junto aos atletas para levantar recursos. "Quem melhor do que atletas e ex-atletas para passar essa mensagem de credibilidade? A menos de um ano para Tóquio 2020, o momento de investir é agora. Atletas brasileiros estão em uma fase excelente com grandes conquistas internacionais e resultados incríveis", disse o presidente.
Coelho assumiu o comando da entidade em setembro do ano passado. Era vice de Miguel Carlos Cagnoni, afastado do cargo por insatisfação das federações estaduais. Desde então, o novo presidente da CBDA transformou as palavras "austeridade", "governança" e "transparência" em mantras, na busca por erguer a entidade, fortemente afetada pelas denúncias de corrupção contra Coaracy Nunes Filho, presidente da CBDA entre 1988 e 2017.
O ex-dirigente havia sido condenado no ano passado pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo (TRF-SP) a 11 anos e oito meses de reclusão e a três anos de detenção por desvios de recursos públicos na entidade. Ele morreu em maio deste ano, aos 82 anos.