Racionamento imposto pela Sabesp leva Guarulhos a alterar sistema de distribuição de água para 850 mil moradores atendidos pelo Sistema Cantareira. A Sabesp informou que Guarulhos não cumpriu meta de diminuição do consumo em 10%
Outros 210 mil moradores da cidade já convivem com o problema devido à redução do volume de água pelo Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê, também operado pela Sabesp
O racionamento anunciado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), de reduzir em 390 litros por segundo (do total de 2.500 litros por segundo) o volume de água fornecido a Guarulhos por meio do Sistema Cantareira, fará com que o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) do município adote abastecimento alternado (rodízio) para 850 mil moradores. A redução do volume de água pela Sabesp será implantada de forma escalonada, em até quatro dias.
Vale lembrar que desde o início de fevereiro, cerca de 210 mil moradores de seis bairros de Guarulhos já vivem racionamento devido à redução do volume de água fornecido pela Sabesp por meio do Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê, que também é operado pela companhia estadual.
A Sabesp nega a informação. Garante que a redução no fornecimento de água a Guarulhos teve início apenas nesta quinta-feira, após a cidade não cumprir a meta de economizar 10% de água.
O Saae de Guarulhos compra por atacado da Sabesp cerca de 87% da água que distribui, por meio dos Sistemas Cantareira (62%) e Alto Tietê (25%); os outros 13% equivalem à produção própria do município.
O superintendente do Saae de Guarulhos, o engenheiro Afrânio de Paula Sobrinho, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira, dia 13, para repercutir a medida adotada pela companhia estadual e apresentar informações sobre as adequações que o município terá de fazer no sistema de distribuição de água. Ele lembrou que essa medida amplia a restrição a que já está submetido o cidadão de Guarulhos em razão da vazão de água fornecida pela Sabesp, que está abaixo das necessidades do município. Segundo ele, a oferta de água não é compatível com a demanda.
A cidade tem disponível para distribuição 4 mil litros por segundo de água e a demanda é de 4.500 litros por segundo; ou seja, há um déficit de 500 litros por segundo. Não se trata de problema de distribuição, mas sim de oferta de água. Nos últimos anos, o Saae de Guarulhos implantou toda infraestrutura necessária ao seu sistema. Além disso, a autarquia municipal pleiteia, sistematicamente, junto à Sabesp o aumento do volume de água.
O Saae de Guarulhos está com uma ampla campanha explicando a situação do abastecimento, e pedindo a colaboração quanto ao uso racional da água. O conjunto de ações inclui comunicação via carro de som, cartazes, telemarketing e informes publicitários em emissoras de rádio e jornais impressos.
Ao mesmo tempo, será concedido desconto na conta para quem reduzir o consumo – 30% nas contas de quem reduzir o consumo em 20%, em comparação à média mensal no período compreendido entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014, e 10% para quem reduzir o consumo em 10%; essa medida foi divulgada pelo Saae de Guarulhos no início de fevereiro. O incentivo, que visa à economia de água no município, valerá para as faturas que chegarão aos consumidores entre março e setembro de 2014. O resultado da campanha de economia de água será divulgado em meados de abril; o Saae de Guarulhos desconhece a origem e discorda do porcentual de 2% de redução do consumo de água apontado pela Sabesp.
O superintendente do Saae de Guarulhos diz que o importante, neste momento, não é focar a discussão na relação Sabesp/Saae de Guarulhos e na economia de água. Mas sim concentrar esforços para a solução da grave crise de abastecimento na região metropolitana de São Paulo, provocada pela falência do sistema produtor, algo que já vem sendo alertado por especialistas, sem que nenhuma medida eficaz tenha sido tomada pelos gestores do sistema para solucionar o problema.
