Se a Petrobras decidisse levar ao pé da letra a sua política de paridade de preços de importação, e repassasse ao mercado interno a oscilação dos preços dos combustíveis no mercado internacional, o brasileiro estaria pagando hoje mais R$ 1,6677 pelo litro do diesel e mais R$ 0,8320 pela gasolina, calculou a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) para o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O cálculo leva em conta a defasagem de 51% do preço do diesel e de 35% da gasolina registrado na segunda-feira, 7, com o petróleo a R$ 123,21 o barril.
Levando em conta os preços ao consumidor final publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), referente à média da semana de 27 de fevereiro a 5 de março, o preço do diesel na bomba dos postos de abastecimento seria em média R$ 7,335 e a gasolina R$ 7,409, contra a média registrada na semana passada de R$ 5,66 e R$ 6,57, altas de 29,5% e 12,7%, respectivamente.
Para evitar esse aumento, o governo se reúne nesta terça pelo segundo dia para discutir o tema. Na mesa, propostas como subsídios, congelamento de preços e isenção de impostos não estão encontrando consenso, e ainda concorrem com os projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, com relatoria da oposição na figura do senador Jean Paul Prates (PT-RN).
De acordo com o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, o aumento de preços é péssimo, mas "o pior dos mundos seria faltar produto no mercado". Ele avalia que sem reajustes por parte da Petrobras, agente dominante no refino, dificilmente outras empresas vão importar diesel ou gasolina, já que não vão poder repassar o custo para o mercado interno.
A Petrobras abastece 80% do mercado de diesel. Os 20% restantes são importados.
"Quanto mais caro o combustível, mais difícil é vender, o pessoal reclama, começa a deixar carro em casa, a economizar. Preço alto é ruim para todo mundo, mas o pior é faltar combustível", disse Miranda.