Durante a aula pela TV, Isabella dorme. A explicação das professoras pela tela, feita para todas as turmas do 4.º ano ao mesmo tempo, não faz sentido para a menina, de 9 anos. "Explicam para o mundo inteiro, ela não entende", diz a mãe Jane Cabral, de 34 anos, auxiliar de serviços gerais.
O modelo de aula remota na rede estadual paulista tem recebido críticas de pais, que dizem faltar interações mais diretas de alunos com professores da turma. Em 2020, dizem as famílias, havia suporte para lições pelo WhatsApp e chamadas de vídeo, o que não ocorre mais.
Para o ensino remoto, o governo criou em 2020 o Centro de Mídias, online, com aulas de professores selecionados pela Secretaria da Educação. Os vídeos podem ser vistos no celular, TV ou computador.
Mãe de Isabella e Edson, de 11 anos, alunos de duas escolas estaduais, Jane diz que o retorno presencial, em fevereiro, dificultou para quem ficou em casa. "Falei para meu filho perguntar ao professor, mas ele diz que não dá porque o professor está na sala, dando aula a outros."
Em março, os colégios foram fechados de novo. Como a volta total de aulas presenciais pode levar meses, especialistas defendem aprimorar o ensino remoto para reduzir defasagens.
A motorista Pâmela Gomes pensou até em contratar professor particular. O filho Richard, de 7 anos, não foi alfabetizado em 2020 e sofre com o online. "Escrevem texto no Centro de Mídias como se a criança já tivesse noção do que está escrito. Ele tem dúvidas, quer perguntar. Gostava de fazer exercícios e o professor elogiar."
Bruna Waitman, coordenadora do Centro de Mídias, diz que a orientação é combinar atividades na plataforma e as enviadas pelos docentes de cada turma.
Para suprir a falta de professores escalados para aulas presenciais, a ideia é envolver docentes do grupo de risco no online ou, por exemplo, juntar turmas presenciais e liberar um profissional para aulas remotas.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>