Estadão

Sem eventos públicos, cidades terão festas privadas de carnaval

Um levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) com 2.193 prefeituras de todas as regiões brasileiras aponta que 24,5% permitirão eventos privados nos festejos de carnaval, embora tenham suspendido as celebrações públicas. Entre elas estão Rio e São Paulo. Além disso, 46,1% afirmaram ter cancelado qualquer tipo de comemoração – a exemplo do Recife – e 25,1% estavam com indefinições para a data até 17 de fevereiro.

Embora parte dos Estados e municípios tenha cancelado o ponto facultativo dos servidores públicos, os quatro dias de carnaval serão de centenas de festas e shows em capitais, como Rio, São Paulo e Salvador, no interior e em cidades turísticas do País, como Pipa, com portes e valores variados (que ultrapassam os R$ 700).

Na última semana, vídeos de um evento privado carnavalesco no Memorial da América Latina, na capital paulista, com a cantora Anitta, viralizaram na internet e atraíram críticas, enquanto os desfiles públicos estão suspensos. O show foi parte de um festival com programação de cinco dias e autorizado a receber até 12 mil pessoas. Entre os críticos, há quem atribua a situação a um possível elitismo do carnaval (Mais informações nesta página), enquanto a organização tem ressaltado respeitar todas as exigências sanitárias.

Após a repercussão das imagens, o governo paulista fez um alerta. "Há uma preocupação do comitê científico (do governo) em relação a esse período do carnaval, embora majoritariamente nenhum município do Estado esteja promovendo encontros de carnaval, há organizações privadas e pessoas desejosas de fazer festas domésticas. E essa não é uma boa iniciativa neste período", declarou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Diferentemente de outros períodos da pandemia, o Estado de São Paulo não impõe nenhuma restrição de público ou ocupação a festas e shows, independentemente do porte. Além disso, após ter anunciado a suspensão do ponto facultativo no carnaval no fim de janeiro, Doria recuou. Na capital paulista, assim como no Rio, o desfile das escolas de samba foi transferido para abril.

<b>MÁSCARAS</b>

Coordenador executivo do comitê científico do governo paulista, João Gabbardo argumentou que a menor exposição da população ao vírus nesta época poderá permitir novas flexibilizações nos protocolos sanitários futuramente, como o fim do uso obrigatório de máscaras ao ar livre. "É fundamental que todos, a população e aqueles que organizam eventos, seja da iniciativa privada ou não, que segure um pouco mais essa situação."

Além das festas, o carnaval deve levar grande fluxo de turistas para as praias. Em parte da rede hoteleira, a expectativa é de lotação alta. Em Santos, Guarujá, Bertioga e Praia Grande, por exemplo, o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sinhores), por exemplo, prevê 84% de ocupação no período.

Os governos também têm se preocupado com eventos clandestinos. No Rio, ao menos dois blocos foram às ruas no fim de semana – e situação semelhante já ocorreu este mês em Salvador. Na capital baiana, a prefeitura anunciou que terá uma fiscalização nas ruas para evitar grandes aglomerações, porém liberou eventos com até 1,5 mil pessoas.

Ontem, a Federação Médica Brasileira emitiu uma nota em que demonstra "preocupação com as festas" e "reforça o alerta para que gestores sigam empenhados na vacinação e reforcem a orientação à sociedade sobre aglomerações".
Renato Kfouri, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Imunizações, destaca que "ainda se vive taxa de transmissão alta". "São 800 mortes por dia (em média)", ressalta, lembrando que o comportamento do vírus é imprevisível e, no fim de 2021, parecia possível a realização de festividades – agora, porém, a Ômicron se espalhou e impulsionou o aumento de internações.

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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