Com dificuldade para encontrar um novo nome para assumir a principal cadeira executiva da Petrobras, depois da desistência de Adriano Pires em razão de inconformidade com as normas da estatal, o governo colocou na mesa estratégias para conseguir ganhar tempo e mitigar a crise de governança na qual mergulhou a empresa. Uma das opções que vêm ganhando força seria tirar da pauta da assembleia a votação do novo conselho de administração – votando apenas as demais matérias, como a aprovação das contas da companhia referentes ao ano passado. Essa possibilidade envolve a permanência do general Joaquim Silva e Luna por mais tempo no comando da estatal.
Até o momento, no entanto, nenhuma decisão foi tomada, e as buscas por um nome seguem paralelamente.
Pelas regras do estatuto da estatal, o presidente da companhia precisa ser membro do conselho de administração, por isso a importância dessa eleição. No mais recente documento entregue ao regulador, com os nomes do governo indicados para o colegiado da companhia, ainda estão Rodolfo Landim, presidente do Flamengo, que já desistiu da posição, e do general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro sob a pressão imposta pelas altas dos combustíveis – agravadas pelo megarreajuste ocorrido em 11 de março no contexto da disparada da cotação do barril de petróleo com a guerra entre Rússia e Ucrânia. Adriano Pires não chegou a ter seu nome incluído na lista de indicados.
Na sequência do imbróglio formado após a indicação de Pires ao cargo, com potenciais conflitos de interesse vindo à tona, os primeiros nomes sondados pelo governo estão preferindo se manter longe na companhia, ainda mais porque o mandato é apontado como "tampão".
<b>Fator eleitoral</b>
Segundo fontes, uma das apostas, o presidente da Enauta, Decio Oddone, já recusou o convite. Afinal, são apenas oito meses até o fim do mandato, e o atual governo está atrás nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República. Ou seja, um executivo do setor teria de se desvencilhar de suas atuais funções sem a certeza de que continuaria na próxima gestão. É dado como certo que, se o pleito for vencido pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva, haverá troca da presidência da estatal.
Caso seja batido o martelo e o governo decida, de fato, retirar a votação da pauta da assembleia marcada para a próxima quarta-feira, 6, o atual presidente da Petrobras, o general Joaquim Silva e Luna, deverá ficar mais um tempo no cargo. Isso ocorreria até que o governo conseguisse acertar um novo nome e marcar uma assembleia para votar o conselho.
A ideia seria a de convocar uma assembleia-geral extraordinária, depois que o nome fosse escolhido, para depois de 30 dias. Essa estratégia, porém, enfrenta a resistência de acionistas minoritários, que estão engajados em emplacar seus representantes na próxima semana.
O <b>Estadão/Broadcast</b> apurou que o general não veria problemas em ficar mais um tempo no cargo até a definição do sucessor. O governo corre para conseguir encontrar um nome, mas a visão é de que há pouco tempo hábil. Faz parte do rito uma verificação do nome dos executivos por um órgão da companhia chamado de Comitê de Pessoas.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>