Estadão

Sem novidades no repertório, mas com excelência vocal, Ney Matogrosso dá seu recado no The Town

O cantor Ney Matogrosso voltou ao The Town para se apresentar no palco The One, no cair da tarde deste domingo, 3, o segundo dia do festival que ocorre em Interlagos, na zona sul da cidade.

Se no dia anterior Ney havia feito uma participação no confuso show de luzes revivendo a abertura do Rock in Rio de 1985, cantando <i>América do Sul</i>, desta vez ele, mais seguro e à vontade, mostrou parte do show <i>Bloco na Rua</i>, lançado em 2019 e retomado após a pandemia.

Nele, Ney, aos 82 anos, canta músicas como <i>Sangue Latino</i>, <i>Pavão Mysterioso</i>, <i>A Maçã</i>, <i>O Beco</i>, <i>Jardins da Babilônia</i>, <i>O Último Dia</i> e <i>Yolanda</i>, em um roteiro amadurecido no qual o cantor pode mostrar o que gosta de fazer: cantar com excelência vocal.

Ney não fez concessão no roteiro e manteve até as menos conhecidas P<i>ostal de Amor</i> e <i>Ponta do Lápis</i>.

Em entrevista ao <b>Estadão</b> dias antes dessa apresentação, Ney disse que, nos últimos tempos, alterou o roteiro do show para que o final dele ficasse "menos político". Tirou músicas como <i>Coração Civil</i> e <i>Mulher Barriguda</i> e incluiu a balada Poema, o samba Ex-Amor e o forró festivo Homem Com H, um de seus grandes sucessos.

"Hoje em dia não tenho mais paciência (para política em shows). Esse final entra como uma maneira emocional. E eu prefiro assim do que de uma maneira política", disse o cantor.

O grande público, que antes assistiu a apresentação da Luisa Sonza no palco vizinho, parecia um pouco mais disperso, sobretudo os mais jovens, circulando pela Cidade da Música – o público de Ney era menor que o de Matuê, primeira atração do dia no palco The One, mas gritou por pelo menos três vezes o nome do cantor.

Também ao <b>Estadão</b>, Ney afirmou que deseja cantar até quando for possível. "O tempo, você sabe, é implacável. Mas ele, até o momento, está deixando correr frouxo para mim".

A resposta está na letra da canção <i>Corista de Rock</i>, Luiz Sergio e Rita Lee, que Ney cantou na apresentação: "Disseram que o palco não é mais aquele lugar/ Mas do jeito que a gente me olha de frente Como eu vou parar?/ Pois eu sou corista num grupo de rock".

Pioneiro em várias questões, até nas políticas, para as quais ele diz não ter "paciência", Ney, um dos primeiros artistas pop/rock do País, mereceu abrir a primeira edição e, agora, foi escolha acertada no line-up da estreia do The One.

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