Com feriado nos Estados Unidos, sem a referência de Nova York, o Ibovespa iniciou a semana com liquidez e variação restritas, após ter interrompido, na anterior, sequência de quatro perdas semanais. Nesta segunda-feira, oscilou o correspondente a 831 pontos entre a mínima (106.096,76) e a máxima do dia (106.927,76), ambas pela manhã, encerrando a sessão em baixa de 0,52%, aos 106.373,87 pontos, com giro limitado a R$ 15,5 bilhões. No mês e no ano, o índice sobe 1,48%.
O tom de cautela nesta segunda-feira de agenda relativamente esvaziada decorre também da expectativa para a paralisação de servidores federais, marcada para a terça-feira, e que mantém sob atenção dos investidores o "risco fiscal", observa em nota a Terra Investimentos.
Nesta segunda-feira, a Eletrobras informou ter um plano de contingência para enfrentar a greve por tempo indeterminado convocada por funcionários da estatal. Segundo a Eletrobras, desta maneira, os serviços da empresa não devem ser afetados. As ações da empresa fecharam o dia em alta moderada (ON +0,25%, PNB +0,51%), com o segmento de utilities perdendo força ao longo da tarde.
Entre os setores, as "empresas ligadas ao minério de ferro apresentaram baixa", após a commodity "fechar em queda mais um dia, mesmo com notícias mais positivas sobre as chuvas em Minas Gerais, que impactaram as operações da Vale, Usiminas e CSN", aponta a equipe de research e estratégia da Terra.
Nesta segunda-feira, Vale ON fechou em baixa de 0,52% e as perdas entre as ações de siderurgia chegaram a 2,26% (CSN ON), com Gerdau PN (-2,19%) na mínima do dia no encerramento.
O desempenho moderadamente positivo dos contratos futuros de petróleo não foi o suficiente para conferir sentido único às ações de Petrobras (ON -0,32%, PN +0,16%) na sessão. O suporte proporcionado à tarde pela maioria dos grandes bancos (BB ON +0,20%, Bradesco PN +0,57%), embora modesto e bem enfraquecido no fechamento, ajudou a manter o Ibovespa na margem dos 106 mil pontos pelo segundo dia, ainda nos melhores níveis de fechamento desde 17 de dezembro.
Na ponta do índice nesta segunda-feira, Cielo (+4,95%), Qualicorp (+2,76%) e TIM (+2,45%). Em sentido contrário, Braskem (-6,73%), Iguatemi (-3,73%) e Alpargatas (-3,49%).
Destaque da agenda doméstica desta segunda-feira, a expansão de 0,69% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro, considerado como proxy ou prévia do PIB, deixou carrego estatístico de crescimento de 4,4% para o indicador no ano, segundo os cálculos do banco Goldman Sachs. O resultado mensal ficou em linha com a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,70%.
"Para dezembro, esperamos um melhor desempenho da atividade econômica devido à época do ano, que costuma apresentar ritmo elevado", avalia em nota o Banco MUFG Brasil. "Dependendo de como o número de casos (de Covid) evoluir nas próximas semanas, podemos ver medidas mais restritivas no curto prazo", ressalva o banco. "Mas para todo o ano, devemos ver melhora gradual das atividades", com "inflação mais baixa" e "assumindo que a pandemia estará sob controle gradual", o que contribuirá também para recuperação progressiva do mercado de trabalho, avalia o MUFG.
No exterior, a atenção esteve concentrada nesta segunda-feira no PIB da China, com expansão de 8,1% em 2021 e alta de 4% no quarto trimestre, acima da expectativa, de 3,6% para os últimos três meses do ano. "A produção industrial também cresceu acima do esperado, porém as vendas do varejo tiveram resultado mais modesto", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o corte de juros na China anunciado no mesmo dia, o primeiro desde abril de 2020, refletindo a preocupação do BC local com o consumo doméstico.
Se na China a autoridade monetária mantém o foco no nível de atividade, especialmente a demanda doméstica, aqui a inflação permanece como um dos maiores fatores de preocupação, agravada por demandas salariais do funcionalismo em um contexto de restrição orçamentária.
O Boletim Focus desta semana trouxe piora, ainda que marginal, na expectativa do mercado sobre o comportamento dos preços, observa em nota a Ativa Investimentos. "Para 2022, houve aumento de 6 bps, para 5,09%, acima do esperado por nós (4,7%). Para 2023, as projeções voltaram a subir e atingiram o patamar de 3,4%, ante 3,36% da semana anterior, devolvendo a queda observada no período", aponta a Ativa.