Estadão

Sem NY, temores locais com inflação, juros e Americanas derrubam Ibovespa

A agenda esvaziada de indicadores e o feriado de Martin Luther King Jr., que deixa os mercados fechados nos Estados Unidos nesta segunda-feira, não dá espaço alta do Ibovespa. O novo avanço nas projeções da inflação e dos juros brasileiros, como mostra a Focus, também fica no radar dos investidores, bem como as negociações sobre o rombo bilionário na Americanas e as dúvidas em relação ao que cada banco tem exposto na varejista.

Na sexta-feira, o índice Bovespa caiu pelo segundo dia seguido, fechando com recuo de 0,84%, aos 110.916,08 pontos, mas encerrando a semana com valorização de 1,79%.

Sem Nova York e com incertezas no foco das atenções, André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos, avalia que o recuo do Ibovespa não assusta, e que poderia até ceder mais. "O mercado subiu muito nos últimos dias. Teve uma realização considerável caiu 0,89% na sexta e -0,59% na quinta, após seis altas seguidas. Por aqui, seguem dúvidas em relação à Americanas, quanto ao tamanho do problema, principalmente com grandes bancos. Tem ainda a baixa liquidez, dado que o gringo é que tem sustentado Ibovespa", avalia.

Nesta segunda, começa o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que reúne líderes mundiais para discutir diferentes temas até sexta-feira, mas só amanhã haverá participação de lideranças do governo brasileiro. Estarão lá os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente). A expectativa é de que Haddad apresente no evento a agenda econômica do novo governo anunciada recentemente no Brasil, como o pacote de recuperação fiscal, divulgado na semana passada.

Ao chegar a Davos, na Suíça, Haddad disse a jornalistas que terá mais de 12 encontros no fórum e que o foco será reforçar o compromisso do Brasil no combate a "qualquer tipo de extremismo." Juntamente com a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), disse que reforçará a agenda econômica com compromisso social. Disse acreditar que o governo está "em um bom caminho; agenda internacional fortalece." Segundo o ministro, a ansiedade dos investidores e empresários será controlada com ações.

Na avaliação da MCM Consultores, a cautela prepondera no mercado doméstico enquanto os investidores avaliam a capacidade de o governo implementar o pacote de medidas para redução do déficit público.

Sem Nova York, a liquidez tende a ficar minguada aqui e também na Europa, onde a maioria das bolsas tenta subir, mas sem empolgação, enquanto a agenda não ganha fôlego. A semana tem uma série de divulgações importantes. Sairão, por exemplo, balanços nos EUA (Goldman, Morgan e NetFlix, entre outros), o PIB do quarto trimestre da China, o Livro Bege do Fed e tem decisão sobre de juros no Japão. As commodities caem. Após ganhos recentes, o petróleo cai perto de 0,90% e o minério de ferro negociado em Dalian cedeu hoje 4,31%, a US$ 123,71 por tonelada.

Por aqui, hoje o boletim Focus mostrou nova deterioração nas estimativas da inflação. A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano subiu a 5,39% (de 5,36%), permaneceu em 3,70% para 2024 e saltou a 3,50% em 2025 (de 3,30%). No caso da Selic, a expectativa deste ano passou de 12,15% para 12,50%.

"No Focus dessa semana, tivemos menos novidades, mas continuamos observando uma piora das perspectivas sobre a conjuntura, em especial na continuidade do processo dedesancoragem das expectativas de inflação para horizontes mais longos", avalia em relatório a equipe da Ativa Investimentos.

Sobre a Americanas, o juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedeu uma tutela cautelar a companhia para suspender vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência da companhia. Após essa decisão, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) deu 30 dias corridos para a companhia entrar com pedido de recuperação judicial.

As ações da Americanas renovaram há pouco o leilão, ampliando a queda a 37,13%, cotada a R$ 1,98. Fora Banco do Brasil, que subia 0,93%, os papéis de grandes bancos cediam, com recuo de 0,6@ (Itaú Unibanco PN), passando por -1,94% (Unit de Santander,) a -2,60% (Bradesco PN) e -1,37% (Bradesco ON). Unit de BTG Pactual cedia 3,60%. As ações da Vale recuavam 2,21%, enquanto Petrobras perdia em torno de 1%.

Às 11h05, o Ibovespa caía 1,10%, aos 109.697,33 pontos, após abertura aos 110.907,91 pontos, e mínima aos 109.614,74 pontos (-1,17%).

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