Na quinta-feira, o GuarulhosWeb publicou reportagem sobre uma onda de boatos propagados na região do Parque Primavera, no Taboão, que estão assustando moradores da região. Diversos áudios foram compartilhados através do aplicativo WhatsApp, em que as mensagens de voz pediam para que as mães tomassem cuidado com raptos de crianças. A notícia logo se espalhou e gerou pânico.
Mesmo após a publicação da noitícia, que ouviu fontes das polícias Civil e Militar, que garantem não haver em Guarulhos nenhum registro parecido com os relatados nas redes sociais, novos áudios continuam a ser distribuídos principalmente via WhatsApp. Há uma riqueza de detalhes relatados, inclusive com a distribuição de fotos de possíveis suspeitos.
Um novo áudio que circulou nesta sexta-feira, sem qualquer indício de veracidade a não a narrativa de uma mulher, aponta que um casal bateu em uma casa no Mikail, pedindo informações. Eles estariam a bordo de uma Hilux preta. Segundo a história, a dona da casa saiu no portão com um bebê de seis meses no colo, quando foi agredida e a criança levada pelo casal. No dia seguinte pela manhã, o bebê já morto teria sido deixado em frente à casa com a barriga cortada, sem os órgãos. Apesar da fala convincente, não existe nenhum registro desse tipo de ocorrência em Guarulhos ou qualquer cidade da região.
A narrativa, que tenta gerar pânico na população, cita o nome de diversos bairros das regiões mais periféricas de Guarulhos, principalmente no entorno do Aeroporto Internacional, dando instruções para que ninguém saia na porta para atender estranhos. Junto ao áudio distribuído pelo WhatsApp, geralmente, é encaminhada a foto do casal que seria o suspeito dos ataques.
Como se trata de uma história fantasiosa, sem qualquer relação com a realidade, o GuarulhosWeb não irá publicar a imagem deste casal.
Na quinta-feira, o GuarulhosWeb teve acesso a dois áudios que explicavam como agiam os criminosos. Segundo o narrador, duas crianças foram encontradas mortas no bairro Santa Lídia e outras duas no Mikail. Um homem estaria pedindo para tirar foto das crianças. “Ele chega em um carro modelo EcoSport preto e enquanto uma van espera a poucos metros”. O motivo do rapto seria roubo de órgãos.
Em outro áudio, uma mulher conta que foi abordada por um homem que perguntou quantas crianças estariam em sua residências, o homem teria dito que gostaria de fazer fotos para um supermercado do bairro. Ela conta que ficou muito assustada e não deu nenhuma informação para o rapaz, na sequência ela teria ligado para a polícia para alertar sobre o problema.
A comerciante Cicera Vargas, de 50 anos, tem uma neta de dois anos. “Nós ficamos apavorados quando recebemos a notícia. Estivemos na escola onde fomos orientados de que tudo não passava de boatos, mas até a confirmação foram momentos de desespero, em pensar que poderia acontecer alguma coisa com as crianças” explicou.
O GuarulhosWeb esteve no supermercado Paraná, no Jardim Primavera, que estaria sendo citado pelo suposto sequestrador. O gerente Itamar Gonçalves contou que o comércio não encaminha funcionários para procurar modelos para propaganda e não esta a procura de crianças para estampar comerciais.
O Delegado do 9ºDP, Alexandre Gargano Cavalheiro, responsável pela região, explicou que não houve nenhuma ocorrência envolvendo morte de crianças ou tráfico de órgão. O Setor de Homicídios de Guarulhos e o Instituto Médico Legal (IML) foram procurados e negaram o registro da morte de crianças no dia 27 de maio com as características citadas.
