Estadão

Sem Treasuries, taxas de juros caem com falas de membro do Fed, apesar do petróleo

Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 9, em baixa, a despeito das tensões geopolíticas vindas do conflito entre Israel e o Hamas. As taxas já pela manhã operavam comportadas, com viés de baixa que se transformou em queda firme à tarde. Declarações <i>dovish</i> de um dirigente do Federal Reserve e informações de que o grupo extremista estaria aberto a negociar um armistício abriram caminho para uma correção mais consistente de parte da alta da semana passada. Ainda, em boa medida, o alívio da curva foi propiciado pela ausência do mercado de Treasuries, que nesta segunda-feira não funcionou em razão do feriado do Dia de Colombo nos Estados Unidos.

A taxa dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,845%, de 10,954% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,83% para 10,67%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,89% (11,08% no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 cedeu a 11,37%, de 11,56%.

De maneira geral, o comportamento da curva surpreendeu positivamente, mesmo pela manhã, quando ainda não havia os principais "drivers" de alívio, que apareceriam somente à tarde. Na primeira etapa, as taxas oscilavam entre a estabilidade e sinal levemente negativo, com o mercado tentando interpretar o contexto geopolítico e suas consequências para o cenário econômico. O efeito mais direto dos ataques e contra-ataques foi a escalada do petróleo novamente rumo a US$ 90 por barril, com alta de mais de 4%. Ainda assim, o mercado de juros arriscava alguma correção, aproveitando que nesta segunda não havia negócios com Treasuries uma vez que os prêmios de risco subiram muito nos últimos dias.

"Apesar da alta do petróleo, a reação nos mercados têm sido discreta ao avaliar que a guerra em Israel contra a Faixa de Gaza será limitada à região", afirmou o economista André Perfeito, sobre a redução da aversão ao risco ao longo do dia. Outro fator de alívio veio da informação, publicada pela Reuters, de que o Hamas supostamente estaria disposto a negociar uma trégua. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que irá atacar a facção islamista com "forças nunca vistas antes".

Para o Brasil, há receio de contágio das tensões via preços de combustíveis se o avanço do petróleo, que vinha devolvendo altas na semana passada, de fato se consolidar perto dos US$ 100. "Os preços de combustíveis trazem risco de contaminação para outros preços e, com isso, o Banco Central poderia cortar menos a Selic ou encurtar o ciclo", explica o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

No meio da tarde, declarações do vice-presidente do Federal Reserve, Phlip Jefferson, com voto permanente no Fomc, acabaram se sobrepondo às preocupações com o petróleo, abrindo espaço para a melhora dos ativos e colocando os juros em queda firme na B3. O ponto que mais chamou a atenção é quando disse que atuará com cautela ao avaliar a necessidade de aperto monetário adicional, mencionando o avanço recente nos juros dos Treasuries de longo prazo. Disse que estará atento ao aperto nas condições financeiras, e manterá isso em mente nas suas decisões, ao lado dos indicadores.

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