“Eu só queria pedir que a sociedade entenda que nós sofremos muito e também somos vítimas. Não temos culpa pelo que ele fez, também estamos sentindo a dor dessas famílias.” É com essas palavras que a professora Simone Soares dos Santos resume o sofrimento que a família tem passado desde que o irmão, o vigia noturno Damião Soares dos Santos, de 50 anos, ateou fogo na creche Gente Inocente, em Janaúba, matando, além dele próprio, nove pessoas. Outras 25 estão hospitalizadas.
Segundo a irmã, Damião morava sozinho havia mais de três anos, antes mesmo da morte do pai, Patrocino Soares dos Santos, de 81 anos, apontado como o motivo da desavença entre ele e a família. Nos últimos dias, porém, ele havia se reaproximado da mãe, de 85 anos, que tem a saúde debilitada, e dormiu na casa dela na véspera do ataque.
Simone conta que Damião passou por problemas pessoais após deixar a casa da família. Uma namorada ficou grávida, mas de outro homem. Ele nunca casou ou teve filhos.
A mãe, Joaquina Maria dos Santos, teve 11 filhos: quatro meninos e sete meninas. Boa parte da família foi criada na zona rural de Porteirinha, vizinha de Janaúba. Damião tem um irmão gêmeo, Cosme, que não mora mais na cidade. Os nomes foram dados em homenagem aos santos, cujo dia é tradicionalmente comemorado com distribuição de doces para crianças.
Vigilante da Gente Inocente havia oito anos, onde cumpria expediente de 12 por 36 horas, Damião completou os estudos tarde, fazendo supletivo. Não comparecia havia três meses à unidade, pois tinha férias acumuladas. Entre moradores da região, é descrito como uma pessoa “reservada” e de pouca conversa. Já vizinhos afirmam que ele era trabalhador, educado e prestativo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.