Polícia

Sequestro praticado por PMs em Guarulhos teve desfecho cinematográfico na região do Cecap

A prisão de dois policiais militares acusados por sequestro em Guarulhos nesta sexta-feira (26) e um terceiro homem, um porteiro de 32 anos,  foi cercada de uma narrativa que lembra verdadeiras tramas de cinema. O caso teve início no Jardim Santa Lídia,  na região do Taboão, onde ocorreu o sequestro de um suposto agiota de 23 anos, que estava em casa com a família, e terminou com um tiroteio na região do Cecap, próximo ao Hospital Geral de Guarulhos.

Eles são acusados de sequestrar um agiota de 23 anos e exigir R$ 140 mil para sua libertação.

A vítima estava em casa dormindo na manhã de sexta-feira em companhia da namorada. O irmão e um outro inquilino também estavam na residência. Eles foram acordados pelos PMs. Ameaçados com as armas de fogo dos agentes, foram obrigados a ficar de joelhos. Namorada, irmão e inquilino acabaram trancados em um dos cômodos enquanto a vítima foi amarrada, vendada e colocada num Ford Ka de cor preta e levada para cativeiro na zona leste de São Paulo.

Foram cerca de 40 minutos de viagem até chegaram ao local, de onde os 2 PMs ligariam para o sócio da vítima pedindo resgate. Antes disso, um deles ameaçou o homem sequestrado, dizendo que sabia quem ele era e o que fazia. A vítima seria supostamente um agiota.

Os sequestrados então usaram um celular para telefonar para o sócio da vítima, que o acompanharia no suposto negócio de agiotagem. Foi pedido um resgate de R$ 140 mil que, após negociação, caiu para R$ 40 mil. Mas os PMs sequestradores não sabiam de um detalhe que mudaria toda a história: o sócio da vítima é filho de uma policial militar que atua na mesma cidade.

Atendendo as ligações com a mãe ao lado, o sócio passou a ser orientado por ela. Com o resgate acertado em R$ 40 mil, ele voltou a ligar para os sequestradores a fim de combinar detalhes da entrega do dinheiro e aproveitou para pedir uma prova de vida da vítima. Foi sugerido que a prova de vida fosse feita por vídeo chamada. E foi nesse momento, quando completou a ligação, que o nome do sequestrador apareceu na tela.

Identificado como um PM da cidade pela mãe do sócio, a Corregedoria da PM foi acionada. Paralelamente, o sócio combinava um local para o resgate. O dinheiro seria então entregue em frente ao Hospital Geral de Guarulhos, no Parque Cecap.

O sócio então se dirigiu ao local, mas ao invés dos R$ 40 mil, levava apenas R$ 1 mil na bolsa. Auxiliado por agentes do serviço reservado da PM, ele atraiu os sequestradores. Mas nem tudo correu como o planejado.

Os PMs sequestradores perceberam a armadilha e receberam os agentes a tiros. Apesar do tiroteio e dos danos aos veículos, ninguém ficou ferido. Eles tentaram fugir mas acabaram presos por homens do mesmo batalhão da mãe do sócio da vítima, o 15º Baep de Guarulhos (Batalhão de Operações Especiais de Polícia).

Três homens foram presos. os dois PMs e um homem de 32 anos, que trabalha como porteiro no local do cativeiro. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o trio está indiciado por extorsão mediante sequestro e tentativa de homicídio, esta última por terem trocado tiros com os policiais que faziam a ação para prendê-los.

Os PMs foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, e o porteiro para a carceragem do 1º Distrito Policial de Guarulhos. Os policiais alegaram que estavam cobrando uma dívida da vítima. Suas defesas ainda não se pronunciaram publicamente.

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