O diretor de política monetária do Banco Central (BC), Bruno Serra, eximiu nesta quarta-feira, 8, a autoridade monetária da responsabilidade pela piora das expectativas de inflação nos próximos anos.
"Até uns meses atrás, os agentes entendiam que a meta era crível, entendiam que em 2025 ou 2026 o Banco Central seria capaz de entregar <i>a meta de inflação</i>", declarou Serra, ao abordar o aumento das expectativas de inflação, na contramão do resto do mundo, nas últimas semanas.
Durante participação em evento do movimento empresarial Repensar Macaé, no litoral norte do Rio de Janeiro, Serra citou a reancoragem das expectativas do mercado ao centro da meta de inflação – 3% a partir do ano que vem – como o ponto "mais desafiador" no momento.
Frisou que, com as expectativas desancoradas, o custo de reduzir a inflação fica mais pesado, o que é ruim tanto para a sociedade quanto para o governo. Assim, pontuou Serra, o Banco Central não deseja perder a credibilidade dos agentes.
Ele lembrou que o descolamento das expectativas de longo prazo do centro da meta aconteceu "mais recentemente" e foi discutido na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que terminou com o aviso de que os juros podem seguir altos por mais tempo.
"A gente entende que não deve ser leniência do BC, não pode ser. Um Banco Central que não tenha credibilidade para entregar a meta, seja lá qual for, é ruim para a sociedade, é ruim para o governo", assinalou o diretor de política monetária do BC. "É importante que a meta da inflação seja crível", acrescentou.
As declarações seguem as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à condução da política monetária e às metas de inflação, o que contribuiu para a piora dos prognósticos sobre o comportamento dos preços nos próximos anos.
Serra sustentou que é preciso enfrentar rápido a desancoragem das expectativas. "A questão latente das expectativas precisa ser resolvida o mais rápido possível", declarou.